_ Esse cara é mesmo o Nathan Volgone? _ Rony pergunta para Mile, assim que Nathan fecha a porta.
Ela permanece em silêncio.
_ Quando eu encontrei ele no portão minutos atrás, eu pensei que... sei lá. Eu fiquei pensando se não era um maluco qualquer que você estivesse começado a namorar.
Ela ainda está paralisada no meio da sala, os lábios descolados, perdida num turbilhão de pensamentos.
Rony volta a analisar o ambiente: a garrafa de vodka, os copos, as almofadas desarrumadas.
_ Ele é o filho do meio do Gordon _ Ela conta de repente, voltando a si. _ Você não o conheceu?
Ele parece tentar se lembrar, enquanto alinha a manta no encosto do sofá.
_ Bem... acho que eu o vi algumas vezes. Mas ele era bem diferente.
_ É _ Ela concorda, o rosto queimando. Tem que lidar com a lembrança dos músculos dele em suas mãos. _ Ele foi embora há uns dez anos e... acho que você tinha uns doze na época. Normal que não se lembre muito bem _ Ela continua, ao mesmo tempo que Rony se inclina para pegar a garrafa de Vodka na mesa de centro. _ Parece que ele vai ficar por aqui durante um tempo. Sei lá.
_ Eu acho bem estranho vocês estarem se pegando _ Ele diz, aproximando o rótulo azul dos olhos. _ Para ser sincero, não pensei que a mudança na aparência dele fosse tão poderosa a ponto de transformar seu conceito sobre os Volgone.
_ E não é! _ A cabeça dela vibra, enquanto caminha descalça para a cozinha. _ Não é isso!
_ Então o que ele queria com você?
Ele vai atrás dela, levando a garrafa e os copos.
Ela toma o caminho da geladeira.
_ Ele veio me oferecer ajuda _ Explica, enquanto alcança a jarra de suco.
_ Humm _ A testa exposta entre os cabelos lisos se franze _ Caramba. É sério mesmo?
Ela para por um instante na frente da geladeira aberta, os dedos já dobrados nas alças da jarra.
_ Pois é!
Declara, segundos depois, levando a jarra à mesa. Depois vai ao armário para pegar dois copos.
_ E então... Ele vai lhe dar dinheiro, é isso?
Ele puxa a cadeira. Senta-se.
_ Dinheiro não. Não para mim. Um advogado. Ele vai contratar um _ Mile pega o celular e o ergue para Rony _ Um dos bons. Um dos melhores do país _ Mostra a foto do homem. Navega mais um pouco e mostra a infinidade de coisas que existem no Google sobre ele.
_ Eita! _ Pega o aparelho da mão dela. _ Ele mete medo hein! Mas o caso da sua mãe é tão complexo assim?
Ela respira, apoiando os cotovelos na mesa, segurando a cabeça na palma das mãos. Resmunga. Lembra-se das dezenas de pareceres que diziam a mesma coisa: A assinatura é da sua mãe. Precisamos saber quem a induziu a isso. Temos que provar coação ou induzimento a erro por um terceiro ou pelo próprio Jorge.
_ Acho que sim _ Ela responde. _ Não posso arriscar qualquer advogado.
_ Não. Com certeza não! Na dúvida...
Ele serve os copos com suco. Bebe um gole, enquanto olha para Mile.
_ Acha que os Volgone podem estar repensando o passado? Tipo... tentando compensar as coisas para vocês duas? Pelo que eu andei me informando, esse crime está ligado ao que dizem que seu pai cometeu. Acha que os Volgone reconhecem o...
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Certo como Murphy (COMPLETO)
RomansaVocê acredita em azar? Para a Milena de 18 anos de idade, enquanto filha do rico e poderoso Jorge Zanella, a resposta poderia ser resumida num simples e bem direto: "o quê, tá falando sério?" Por sua vez, para a Milena falida e injustiçada de 24 ano...