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- Grace Cameron -

Depois que jj foi embora, foi estranho ficar no meu quarto, mesmo que ele tenha dormido aqui apenas por uma semana, parece que tudo me lembrava dele, ficar no quarto do rafe não foi uma ideia ruim no primeiro dia mas agora Kiara vinha dormir com ele as vezes e eu não podia ficar no quarto com ele mais. Eu tentei treinar, mas ficar na academia me lembrava do jj e das nossas lutas, tentei sair de casa mas ir à praia me lembrava do México e entrar em meu carro me levava a outras memórias com jj. Um pogue pobre que não tem dinheiro para nada, como ele conseguiu comprar tanto espaço na minha cabeça?

Passei os dois dias trancada no quarto, rafe vinha algumas vezes e minhas desculpas para manda-ló embora já estavam acabando, o perfume do jj já estava indo embora de tudo ao meu redor, a cocaína estava me deixando sem apetite e parecia funcionar até a festa quando o efeito parou, quando eu já tinha cheirado mais do que nunca e ainda sim me sentia sóbria, tudo continuava me lembrando de jj, os garotos ao meu lado tentando me agarrar e eu continuando esperando jj chegar na festa como se ele viesse apenas por mim, como se ele fosse chutar a porra desta aposta para longe e me agarrar no meio de todos sem se importar em como rafe poderia matá-lo. Burra, fraca, imbecil e iludida.

Porque eu dormi no seu quarto naquela noite mas não foi lá que ele dormiu, mesmo que dormir em seus lençóis e seu conforto fosse bom ele ainda não estava lá e talvez se naquela manhã eu tivesse chegado antes ainda teria a mínima chance de dormirmos juntos porque ele estava em minha cama. Estava... foi embora outra vez deixando apenas seu perfume para trás. A porra do meu próprio coringa torturando minha mente.

Talvez tenha sido outra desculpa para trancar a porta e ficar em meu quarto, cheirando outra e outra carreira de cocaína, uma pós outra, talvez na próxima o efeito bata, não bate, preciso de mais e mais e mais... parece pouco, eu só quero descansar e não consigo dormir porque é como se tivesse um gigante na minha cabeça me torturando.

Eu me arrasto até a janela do quarto, com ajuda de um isqueiro derretendo os remédios e usando uma agulha para injetar a droga em minha veia, talvez assim o efeito venha mais rápido. Eu me sento a beira de minha janela, o efeito da heroína em meu corpo me faz pensar que jj está aqui, os olhos azuis me olhando da mesma forma de antes e seu cheiro ainda em todo meu quarto.

[...]

O resto da semana passa e eu ja não me lembro mais se faz um dia ou um mês que estou trancada no quarto, ainda sentada na janela esperando alguém tentar entrar. Quando eu cheiro mais uma carreira de cocaína, eu caio em gargalhada, tola, porque em algum momento eu pensei que jj maybank um pogue que não significa nada iria querer ficar, ninguém nunca fica. Acho que nem mesmo rafe quer mais ficar... minha barreira está diminuindo, minha mãe nunca quis ficar por isso não se cuidou quando estava doente, meu pai nunca fez questão de entrar, Sarah e wheezy nunca conseguiram, todos os outros só quiserem entrar porque achavam que o mundo de uma rainha era perfeito, todos eles fingiram me amar apenas para se aproveitarem, ninguém fica, ninguém quer ficar. Sinto saudades do inferno que era aquela reabilitação, ninguém vinha e ninguém saia, apenas eu e milhões de enfermeiros me injetando remédios vinte e quatro horas, era seguro, somente eu, sozinha da mesma forma que hoje presa neste quarto. Outra carreira de cocaína, sei ser rainha sem eles, nunca precisei de ninguém e não faz sentido algum um pogue me deixar tão perturbada, eu não ligo de ficar sozinha, não ligo para quem sai, eu vou restar e somente eu irei governar. Eu odeio todos eles. Mais cocaína.

[...]

Nessa manhã, o sol que entrava pela janela me doeu a cabeça, eu espero o corredor ficar em total silêncio, destranco o quarto e tranco o banheiro, enchendo a banheira e espalhando cocaína pela bancada, cheirando oque resta pois se as carreiras de antes não me fizeram efeito essas também não vão fazer, a água é gelada, eu derreto mais heroína, injetando uma seringa em cada braço, a droga se misturando com meu sangue é confortante, a dor em meu peito, eu odeio eles, meu peito tão pesado quanto o gigante em minha cabeça, a tortura ficando mais forte, a água gelada demais, tombando minha cabeça sobre a cerâmica da banheira e encarando o azulejo a minha frente. Estou afundando, a água se transformou em densa, meu peito mais pesado, minhas pernas não conseguem sair, tem joaninhas por toda a parte e o banheiro que era branco se transformou em amarelo, o gigante que torturava minha mente agora está batendo na porta e toda a dor e barulho se resume a nada, escuridão, caindo, um poço sem fundo e sem luz, não sinto mais nada... na verdade... nunca senti.

- JJ Maybank -

Faz uma semana que eu não falo com Grace, uma semana que estabelecemos uma aposta idiota e sem sentindo que infelizmente até agora não foi quebrada. Uma aposta qual precisamos ficar longe e sem notícias um do outro até que um de nós quebre o orgulho e precise do outro. Talvez eu tivesse quebrado a aposta, tenho orgulho para esbanjar e por isso não a procurei, mas também.. oque deveria dizer? Se eu a procurasse, oque falaria, não posso simplesmente bater em sua porta e dizer que quero quebrar a aposta porque não aguento mais ficar longe dela e que estou sentindo uma saudades gigantesca de descobrir suas verdades... isso é ridículo, seria como bater na porta da rainha e pedir para que ela zombe de mim.. não. Se Grace está disposta a participar desse joguinho vou esperar pacientemente para que ela mesma o quebre.

Não que eu me importe com ela, só queria saber como ela está, não que sinto falta dela, mas era bom ter alguém para conversar, não que eu queira a abraçá-la e beija-lá todo fim de noite e começo de manhã, apenas gostava do conforto de sua cama de rico. Eu peguei tantas garotas em tantas festas diferentes, sempre sem me importar com oque aconteceria com elas depois que dormíamos juntos, porque caralhos essa Kook metida e prepotente não sai da minha cabeça, não é possível que Grace Cameron tenha comprado tanto espaço em meus pensamentos e eu jamais teria algum tipo de sentimento por ela, sempre ouve aquela sensação no peito, a euforia de qual seria a próxima coisa que faríamos juntos pois estar com ela era eletrizante e animador mas agora nem sequer estamos nos falando mais e eu continuo pensando nela, toda vez que sua risada volta a minha cabeça, quando meu corpo se arrepia lembrando da forma que sua boca se movia contra minha, lembrando de como eu consegui fazer aquele sorrisinho que quase nunca aparece surgir para mim com as coisas mais bobas. Acho que devo ter caído no inferno porque por todo o lugar que eu vou, apenas Grace Cameron está em minha mente.

Agora estou sentado na varanda de john b, com uma cerveja na mão e baseado na outra, a ponto de gritar agoniado pois mais uma vez estou entediado pensando em Grace Cameron, meus amigos espalhados cuidando de suas próprias vidas enquanto eu queria estar cuidando da vida de uma Kook que nem se quer deve se recordar de mim.

Eu levo o baseado até meus lábios e quando inalo aquela fumaça tóxica minha cabeça volta para os rápidos momentos que vi Grace cheirando carreiras de cocaína como se aquilo fosse doce para ela, meu estômago embrulha, outra vez quero vomitar, sempre soube que Grace cheirava, não deve ser atoa que ela foi parar em uma reabilitação, mas quando estávamos juntos nunca a vi cheirando e ter vivido aquela cena é aterrorizante, só queria jogar toda aquela merda fora, agarrar Grace e levá-la para um lugar longe de todos aqueles babacas, se ela quer fazer uso de uma aposta boba para me deixar longe tudo bem porém não posso ver ela se afundando daquela forma e não fazer nada, Grace está fora de controle e tá claro que isso tem a ver com uma das suas verdades obscuras, posso não gostar dela mas não posso ver ela se auto destruindo e não fazer nada.

O telefone de john b tem um toque extremamente auto vindo de dentro de casa, todo o enjoou em meu estômago passa no mesmo instante que o telefone para de tocar e meu peito pesa, tão forte como se alguém estivesse me esmagando o pressentimento mais ruim que já senti, tão forte e tão dolorido que pressiono minha mão sobre meu peito em busca de alívio.

— Ei, cara... — é john b com o celular na mão e a expressão de quem acaba de sair de um enterro

— Que cara é essa, parece que alguém morreu — continuo com a dor no peito e a cara de john b não colabora no meu desconforto

— Grace está no hospital... teve uma overdose.


♥️♣️

a parte da Grace tá meio confusa porque é tudo que ela pensou enquanto tava muito chapada

a parte da Grace tá meio confusa porque é tudo que ela pensou enquanto tava muito chapada

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CAMERON'S - (JJ Maybank )Onde histórias criam vida. Descubra agora