Amor de Fim de Noite. (CONCLUÍDO)

Capítulo 11

Vidal ⛓️

Tô vivo, pra felicidade de uns e a tristeza de outros. Mas tu liga? Porque eu não.

Vaso ruim não quebra, e eu sou a prova viva disso.

Eu sobrevivi ao inferno, e tô cheio de parada louca pra contar. Posso começar?

Irmão, eu fugi. Fugi do Rio, e não tinha mais nada que eu podia fazer. Deixei minha família, minha mãe, minha favela, meus amigos. Mas não porquê eu quis, mas sim, porquê fui ameaçado. Depois que mataram o Barata e o Bial, eles me avisaram.

Não pude fazer mais nada. Deixei tudo pra Letícia, sem nenhum ressentimento. Ela me acolheu, tive momentos bons do lado dela. Moveu muita parada pra me ajudar, e eu sabia do problemas da mãe dela.

Eu sumi da vista dos inimigos, mas não do sistema. Eu cai, mané. Eu cai! Passei 15 anos aqui no Complexo Penitenciário Campinas-Hortolândia.

Mas demorou pra eu cair, tá ligado? 5 anos depois que eu fugi do Rio, os filhas da puta me encontraram. Foi muita fuga, muito perdido e muitas trocas de balas.

Eu me envolvi com outros irmãos daqui, por um curto período. Eu era apenas um peixinho, cria! Uma isca. Mas eu fiz amizade com o maior, ganhei a confiança dele e depois eu matei o faixa. O mundo é dos espertos, e se tu for otário, tu não conquista ele nunca. Prazer, o Vidal. Tô de volta!

Vou obedecer regras de pau no cu? Se fode, irmão!

Depois da morte do lek, eu fui caçado. Tanto pela polícia, quanto pelo bonde. Um dos dois queriam minha cabeça.

Não me entreguei, mas mexi uns pauzinhos pra ir preso. Se eu quisesse mermo, ainda tava na pista. Mas eu precisava disso aqui, precisava ne redimir, me arrepender por alguma coisa.

Mas agora, eu só quero sair da frente dessa penitenciária e voltar pra minha família.

Não foi fácil, mas me diz.. o que foi fácil pra mim até hoje?

Me encontro olhando pro céu, e respirando um ar puro. Não é um ar pesado, misturado com cocaína ou, maconha, de angústia e tristeza. Esse é diferente. É o ar que eu precisava!