Depois desse dia, nós nos encontramos quase todos os dias. Eu nem gostava da escola, mas por ela, eu ia. Eu ia só pra ficar olhando ela, ou pra ter a companhia dessa garota.
Quando eu tava do lado dela, eu esquecia dos problemas.. Esquecia das paradas em casa, e no quanto a minha vida era triste e deprimente, irmão!
Eu trazia ela pro alto do morro, e a gente ficava olhando as estrelas. Eu comprava biscoito, e ela trazia o refri. Ela deitava no meu colo, e a gente observava as estrelas e o caralho a 4 que aparecia.
Ela formava constelações, e a gente ria.. ria pra caralho. Eu sentia algo por ela, tá ligado não? Era a única que eu deixava a postura de marrento de lado. Pena que ela só me via como melhor amigo.
Em uma dessas nossas saídas, rolou um beijo nosso. Significou muito pra mim, e na época, pra ela também.
A gente não se desgrudava nunca. Um dia, eu tava na laje com ela, de noite como de costume, e o Samuel tinha aparecido, pra gente jogar peteca. A laje que eu ficava, era da minha casa. Minha avó não ligava muito, e a minha mãe só sabia ir pra baile funk. Eu tinha a laje toda só pra nós dois. Com 12 anos, eu só jogava peteca, bola e fumava maconha. Meu companheiro era o Samuel, mas só pra brincar. Ele nunca gostou de fumar.
Flashback 🛑
Samuel : Irmão? - Ouvi a voz dele, e eu respondi.
Gui : Vou te apresentar meu irmão. - Abri um sorriso, me levantado da ponta da laje, e indo mostrar pra ele onde eu tava. - Tô aqui, parceiro! - Gritei, e eu abri a porta, vendo o Samuel.
Samuel : Ta fazendo o que aqui, maluco? - Eu ri, apontando pra Amanda, que tava de costas, admirando as estrelas, e eu me aproximei dela, levando o Samuel.
Gui : Amanda, esse aqui é o meu irmão, Samuel! - Ela olhou pra ele, e riu simpática. Ela levantou, e abraçou o mesmo.
Samuel : Muito prazer, Amanda! - Riu, e ele ficou olhando pra ela. Ela sentou de volta, e eu puxei ele pra longe dela.
Gui : Faixa, não vai dar pra eu jogar hoje, se ligou? Não vou deixar ela sozinha, outro dia a gente marca. - Cocei a cabeça.
Samuel : Fechou, moleque! Aproveita aí. - Fez toque comigo. - Vou jogar com o Nicolas e o Luís. - Saiu, olhando pra trás, e eu fechei a porta.
Flashback ⚫
Depois daquele dia, eu não imaginava que eles iam se aproximar tanto. Ela já não queria ficar sozinha comigo, se o Samuel não tivesse por perto. Eu não vi quando eles se aproximaram, mas tenho certeza que foi o Samuel que começou.
Ela já não me incluía mais nos planos dela, já não queria mais ver as estrelas comigo, e quase não ia mais pra escola, só queria ficar de bobeira na pracinha com o Samuel.
Doeu, sacou? Doeu pra caralho! Era a mina que eu gostava, com o meu irmão. Ele não teve consideração por mim, nem fez questão de esconder.
Eu passei 5 meses assim com ela. Eu ajudava ela a fugir de casa, pra ver as estrelas comigo, dava fuga pra fora da favela, a gente brincava e tirava sarro de tudo. Era como se com ela.. eu tivesse encontrado a paz.
A Amanda era a minha paz, e o Samuel tirou isso.
Nem demorou muito tempo, eles começaram a namorar.
Foi difícil pra mim. Eu me afastei dele por um tempo, e dela também.. Foi quando eu entrei pro crime, e só queria saber de fumar, cheirar, baforar e roubar.
Aos poucos, o sentimento por ela, foi esfriando. Mas lá no fundo, ela sempre vai ser a minha branquinha do olho cor de mel e iluminado.
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Amor de Fim de Noite. (CONCLUÍDO)
Teen Fiction+16 |Segunda parte do livro "Alma da Favela." Maktub, particípio passado do verbo kitab É a expressão característica do fatalismo muçulmano Maktub significa: estava escrito Ou melhor: tinha que acontecer Essa expressiva palavra dita nos momentos de...