Letícia : Deixa a Lígia cuidando do resto das coisas, e vem comigo na casa da tua avó. - Soltou o celular, me olhando.
Marcos : Pode me deixar em casa? - Falou com a minha mãe, e ela assentiu.
Eu peguei minha bolsa, e a chave da casa e fui com eles.
Entrei no carro, e logo depois eles também.
É cada coisa!
•••
O Marcos já tinha ido embora, e só estava eu e a minha mãe dentro do carro.
Ela tá calada, parece apreensiva.
Sara : Aconteceu alguma coisa? - Ela negou. - Tá tão apreensiva, nervosa.. sei lá. - Ela riu de canto, sem tirar a atenção do volante.
Letícia : Lucas tá voltando pro Rio. - Eu não consegui me empolgar, até porquê ele foi um grande de um pau no cu com a Emily.
Sara : Vai dar o que falar isso. Anota aí! - Ela assentiu.
Letícia : Lucas já tá velho, tem que assumir as responsabilidades dele.
Entramos na favela, rumo a casa da minha avó.
Não fica muito dentro, então não é tão longe.
Minha mãe estacionou o carro, e eu desci. Vi minha velhinha sentada na cadeira de balanço, olhando o movimento da rua.
Vou até ela, e dou um beijo na testa da mesma.
Cíntia : Princesa da vovó! - Levantou da cadeira, me dando um abraço apertado.
Não é de sangue, mas me criou como se fosse. Dou o mundo por ela! Apesar da idade, ela tem bastante força ainda.
Minha mãe e ela entraram dentro da casa, e eu vi um movimento estranho na praça do morro.
Fui caminhando até a praça, e o barulho ia aumentando conforme eu ia me aproximando.
Vi o Samuel, o Guilherme e um menino que eu não conhecia. O moleque desconhecido notou minha presença e logo abriu a boca.
Xxx : Aí, a mina atrás de tu. - A voz saiu tão lenta, que me deu sono.
Samuel : Sarinha.. minha irmã linda! - Ele tava com um copo de bebida na mão, e veio me abraçar.
Sara : Tira essa mão porca de mim. - Desviei do abraço dele.
O Guilherme ficava me olhando, como se tivesse me analisando. Eu não sou tão próxima dele, mas eu conheço bem a história de vida desse moleque.
Agressivo, ex traficante, não tem amor por ninguém. Mas olhando assim, não parece.
Eu sempre consigo enxergar o lado bom das pessoas.
Samuel : Qual foi? Cheia de graça, mané. - Olhei pra ele.
Sara : Desprezível. - Ele mandou dedo pra mim, e saiu do meu lado.
Eu vi uma menina baixinha, do cabelo cacheado se aproximar e sentar no colo do menino que tava me olhando. Vi aquela cena, e ignorei. Ouvi a voz dela, e saquei que era a Giulia. Não queria conversar com ninguém, então só saí.
Dei de costas, saindo da pracinha e escuto chamarem meu nome bem longe. Paro e olho pra trás, vendo o Guilherme se aproximar, bolando um cigarro.
Guilherme : Aí, vai ter uma festinha no morro próximo sábado. Tá afim de ir não? - Fiquei sem respostas. - Tá ouvindo? - Fiquei observando ele passar a ceda entre os lábios.
Sara : Ah.. si..sim. Ou não, não gosto de festas. - Respondi no impulso.
Guilherme : Tu que sabe! Foi só um convite. Qualquer parada, teu irmão sabe onde vai ser. - Puxou o isqueiro de bolso, olhou nos meus olhos e piscou pra mim.
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Amor de Fim de Noite. (CONCLUÍDO)
Novela Juvenil+16 |Segunda parte do livro "Alma da Favela." Maktub, particípio passado do verbo kitab É a expressão característica do fatalismo muçulmano Maktub significa: estava escrito Ou melhor: tinha que acontecer Essa expressiva palavra dita nos momentos de...