Tava de bobeira no pé da boca, fumando meu cigarro, quando vi a mãe da Giulia passando com umas malas, e uma menina do outro lado.
Até se eu tivesse cheio de maconha, eu reconheceria aquela cabeleireira.
Amanda?
Percebi ela se escondendo, e joguei o cigarro no chão. Dei risada com ela tentando se esconder, e meti a postura. Elas passaram, e eu continuei olhando.
Notei ela olhando pra trás, e pô.. é ela mermo, irmão!
Gui : Aí, vou pro meu cafofo.. Muita fé pra vocês! - Fiz toque com eles, e subi.
Não vou dormir em paz, enquanto não saber se é ela.
Desci pra antiga casa dela, sem deixar que ela notasse minha presença.
Esperei uns minutos, até que ela entrasse de verdade, e fiquei de marola no mesmo beco, em que eu fiquei olhando ela aos 12 anos.
Incrível que eu sinto um pouco de frio na barriga, mas nada igual a quase 10 anos atrás.
Foram muitas coisas vividas, aposto que ela nem lembra mais da gente, de nós...
Se passou uns 20 minutos desde que ela tinha entrado, eu escutei a porta abrindo, e eu olhei, vendo ela sair. Sei lá, parecia angustiada, ou puta com alguma coisa.
Certeza que a Giulia deve ter soltado alguma piadinha. Maluca não perde uma!
Vi ela saindo, e eu sai do beco, devagar.
Ela caminhou um pouco, pra longe da casa dela, e encostou na parede, abaixando a cabeça.
Parei na frente dela, com as mãos no bolso do meu moletom, e a mesma levanta a cabeça lentamente.
Não olho pra ela, e sim para os lados. Tirei uma mão do meu bolso, ajeitando meu boné, e só assim, eu olho pra ela.
A mesma abre os olhos grandes e iluminados, pelo brilho da lua, e é como se eu estivesse revivendo aquele mesmo dia..
Amanda : O quê você tá fazendo aqui? - Ela passou a mão pelo cabelo, impaciente.
Gui : Eu lanço essa pergunta pra tu, pô. - Ela riu.
Amanda : Guilherme, eu já não te devo nenhuma satisfação da minha vida! - Revirou os olhos, saiu andando, e eu acompanhei ela.
Gui : Por quê tu voltou? - Puxei o braço dela, que se voltou pra mim, fazendo o corpo dela colar no meu.
Amanda : Eu não dou satisfação da minha vida pra marginal. - Eu ri, soltando ela e tentando não perder minha paciência.
Gui : Marginal? Tu quer falar que eu sou marginal? E tu, pô? Tu é o quê? Salvadora da pátria? Exemplo de fidelidade? Não fode!
Amanda : Tá falando do quê? Do nosso rolo de 12 anos? Cresce, Gui! Esquece isso! Já passou, tem quase 10 anos! - Gritou.
Gui : Eu não esqueço, porra! Eu não esqueço! - Puxei ela novamente, encurralando na parede e olhando fixamente nos olhos dela. - Eu não consigo te esquecer. Tu era única, única que me fazia fugir da realidade, mas tu preferiu me trocar pelo meu irmão. - Ela manteu os olhos penetrado nos meus, e eu desci o olhar, fixando na boca dela.
Amanda : Você tinha começado a usar drogas.. - Eu fechei os olhos. - O Samuel chegou de mansinho.. eu não tive culpa. Tu já não tinha mais tempo pra quase nada, só fumava.
Gui : Eu tinha motivos. - Ela continuava me olhando. - Tu sabia que a minha vida era difícil. - Soltei ela, me encostando na parede e puxando um cigarro de maconha do bolso.
Amanda : Eu sabia.. Mas sabia que eu podia te ajudar também! - Ficou na minha frente, e passou a mão pelo meu corpo, e eu tirei a mão dela de mim, que me olhou sem entender. - Não fica assim!
Gui : Entra! - Acendi meu cigarro. - Tu não gosta de marginal. - Ela tentou passar a mão no meu rosto, mas foi em vão. - Não me toca! - Ela se afastou, e abaixou a cabeça, concordando.
Amanda : Beleza! - Deu de costas, e saiu chateada.
Dava pra ver nos olhos dela, que foram de iluminados, a decepcionados.
Minha garotinha!
São apenas traumas, que ela mesma deixou.
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Amor de Fim de Noite. (CONCLUÍDO)
Fiksi Remaja+16 |Segunda parte do livro "Alma da Favela." Maktub, particípio passado do verbo kitab É a expressão característica do fatalismo muçulmano Maktub significa: estava escrito Ou melhor: tinha que acontecer Essa expressiva palavra dita nos momentos de...