A Giulia é uma menina daqui do morro, que é amiga da minha irmã. Já fiquei com ela, mas não passou disso. Considero ela pra caralho!
Respondo ela, confirmando minha presença, dizendo que ia chamar uns irmãos também.
Volto minha atenção pro Rael, e vi o Guilherme se aproximando dele.
Guilherme : Qual foi, moleque? Vai morrer pisado. - Empurrou o Rael, que caiu no chão e começou a chorar.
Samuel : Qual foi, chefin? Empurrou o moleque por que? Ficou maluco? - Cheguei mais perto, empurrando ele também, que riu.
Guilherme : Porra, calma! - Veio pra cima de mim. - Tá cheio de marra, irmão! Baixa a bola, sacou? - Neguei.
Samuel : Tá agindo de má fé, se liga! - Ajudei o Rael a levantar, que tinha machucado o joelho.
Guilherme : Vou render papo com tu não, demorou? Manda beijo pra tia Letícia, diz que tô com saudades dela. - Brincou.
A mãe do Rael apareceu, e levou ele, matando o Guilherme com o olhar. O joelho do Rael ficou ferido, e a mesma levou pra cuidar.
Samuel : Tá perdendo a noção de tudo, caralho? - Fui falando com ele, que nem me dava bola, e continuou andando.
Guilherme : Breca comigo não! - Parou, me olhando e eu vi que ele tava drogado.
Samuel : Irmão, vai descansar! Papo reto. - Ele negou.
Guilherme : Descansar? Quem vai descansar? Que parada de velho, irmão! Vou curtir, ficar malucão! Isso aqui não é pra sempre, um dia geral vai. Um dia, eu nunca mais vou te ver. E aí? Fiz o que? Fiz nada! Só fiz, o que a sociedade impõe, e o que eles consideram "normal". - Puxou um cigarro do bolso.
Samuel : Acontece que isso aqui não é um filme de adolescente rebelde, filha da puta! É a porra de uma vida real, na qual tu é o protagonista do teu próprio filme. Vai fazer o quê? Morrer de fumar e beber? Acorda, irmão! O mundo tá aí pra ensinar. - Falei rapidão, puto com ele.
Guilherme : O mundo? Que se foda o mundo. Minha mente, é o meu mundo. E é melhor que esse de merda. - Acendeu o cigarro, sentando na calçada. - Aí, eu tô maluco. - Riu.
Samuel : Tu é um filha da puta! - Ele riu.
Guilherme : Só tô cansado dessa vida de merda. - Soprou a fumaça. - Cansado! Cansado disso aqui.. - Apontou pro cigarro.
Samuel : Tu precisa se tratar! - Ele riu.
Guilherme : Pô, isso aqui é meu tratamento. - Apontou pro cigarro novamente.
Samuel : Tá viajando pra caralho! - Ri fraco.
Guilherme : Vi minha mãe assistindo o filme de um maluco hoje, e me chamou a atenção o jeito que ele vivia, os pensamentos que ele tinha. Pô, irmão! Achei ele parecido comigo e virei fã do maluco. - Passou o cigarro pra mim. - O nome era confuso, mas ficou gravado na mente. - Olhei pra ele. - Cazuza.
Samuel : Tô ligado nesse faixa aí. - Devolvi o cigarro. - Minha irmã curte pra caralho! Ele era visionário, a frente de tudo. Chama a atenção de geral mermo.
Fiquei conversando com ele sobre isso.
Cresci junto com esse arrombado, é como meu irmão. Sei quando ele fica maluco, e as vezes ele só pensa demais.
O Guilherme é conhecido como Chefin, pelo envolvimento dele no tráfico um tempo atrás.
Ele assaltava pra caralho, metia terror em tudo. Mas ele saiu disso, e hoje, vive querendo filosofar, achando que a vida é um morango.
Filha da puta!
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Amor de Fim de Noite. (CONCLUÍDO)
Teen Fiction+16 |Segunda parte do livro "Alma da Favela." Maktub, particípio passado do verbo kitab É a expressão característica do fatalismo muçulmano Maktub significa: estava escrito Ou melhor: tinha que acontecer Essa expressiva palavra dita nos momentos de...