Capítulo 3 - Um ano após a separação

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É madrugada e Laura observa sua filha no berço, aliviada por Stella, enfim, ter caído no sono. Os primeiros quatro meses de vida da menina tinham se mostrado difíceis. A teoria de sua mãe fora comprovada: chorou tanto na gravidez que sua filha nasceu chorona. Foram madrugadas inteiras de um pranto sem fim, apesar dos médicos dizerem que nada tinha de errado com a criança. Naquela noite ela dormiu após ganhar sua mamadeira, mas beber muito menos do que deveria. Sinal que logo estaria acordada.

A cada noite em claro embalando Stella, mais pensava em Lucca. Como teria sido ter lhe trazido ao mundo? Será que teria leite para lhe oferecer? Ele seria parecido com o pai? Sempre sonhava com seu menino e, quando acordava, se Marcelo estava ao seu lado na cama, observa-lo lhe fazia chorar ainda mais. Se não tivesse sido sequestrada, aquele tiro jamais teria ocorrido. E ela estaria com Lucca nos braços hoje. Naqueles instantes, a culpa lhe pesava no coração. Mas então lembrava que havia muitos culpados naquela história. O grito agudo de Stella lhe fez pegar a mamadeira e testar a temperatura no antebraço. Estava ótima, mas a menina não queria tomar.

- Será que o problema é não ganhar o peito? – Ela afagou os cabelos da menina. – A mamãe não tem leite pra te dar.

Quando o pranto da menina ficou mais alto e forte, pegou-a do berço e levou ao seu quarto. Seria mais uma longa madrugada. Pelo menos, Marcelo não estava lá. Nos quatro meses da filha, era a sexta viagem. Ele pouco a via. Até tentou acompanha-lo em uma viagem, há duas semanas. Mas Stella chorou muito no voo e atrapalhou a todos no avião. Para piorar a situação, sua sogra estava presente e não demonstrou nenhuma paciência com a neta.

- Alguém cale a boca dessa menina! – Alba bradou, vendo que a mãe não conseguia acalmar a filha. – Você deveria ter trazido uma babá para lidar com essas situações.

Pensou em muitas respostas para dar à sogra, mas engoliu a todas para não causar mais irritação à filha. Jurou que aquela seria a primeira e a última viagem de Stella com o pai. De qualquer forma, Marcelo sequer olhava a menina e tê-la por perto não parecia fazer a mínima diferença. Não podia culpá-lo, durante a gravidez, fez tudo o que pôde para mantê-lo afastado. Não lhe permitia ir às consultas. Apenas lhe comunicou o nome que a criança teria. Impediu que ele entrasse na sala de parto na hora em que Stella viria ao mundo e passou sozinha por cada uma das contrações.

- Porque fez isso com você mesma? – Olga perguntou, dias depois, quando conversavam por telefone.

- Por que quis assim. Era um assunto de mãe e filha. Nacho só ia atrapalhar. – Respondeu, sem saber se era a verdade ou não.

O sol da manhã brilhava lindamente quando Laura chegou, com Stella cheirosinha e sorridente num carrinho, ao consultório de Isabel Ortiz. A loura sorriu ao ver Laura com a filha. O papel de mãe lhe caía bem, pensou. Em todas as consultas após o parto, a mãe trouxe a filha junto. Tirando alguma crise de choro, não era nada que atrapalhasse a consulta, mas Isabel estava decidida a conversar com Laura sobre afastar a filha de outras pessoas e deixá-la tão grudada em si mesma.

 Tirando alguma crise de choro, não era nada que atrapalhasse a consulta, mas Isabel estava decidida a conversar com Laura sobre afastar a filha de outras pessoas e deixá-la tão grudada em si mesma

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Novos Dias: a história depois do fimOnde histórias criam vida. Descubra agora