Capítulo 6 - Quatro anos após a separação

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Olga desembarcou na Sicília após duas semanas em Madri. Ela e Lucca tinham passado dias muito divertidos ao lado de Laura e Stella. Nacho tinha estado com eles apenas um dia desse período. E neste, Laura fez questão de ignorá-lo. Isto não passou despercebido de Olga, mas, quando tentou abordar o assunto "crise no casamento", a amiga preferiu não entrar em detalhes. Na verdade, disse que não havia detalhe a oferecer.

- Eu toco minha vida, ele toca a dele e, às vezes, quando não há saída, passamos algum tempo juntos. – Laura contou de uma forma fria demais até para os eslavos. Um homem espanhol portando-se assim era muito estranho.

- E vocês fodem em algum momento?

- Sim, é claro. Ele com a amante e eu...

- Oi? E você diz isso nesse tom...calmo? – Não dava pra acreditar que aquela era Laura. – Se seu desconfiar que Domenico está fodendo outra, eu faço picadinho do pau dele. E ele sabe!

- É diferente...vocês se amam, têm um casamento de verdade. O meu...é de faz de conta. Na verdade, não serve a nenhum de nós dois, mas, ao mesmo tempo, é útil para ambos. Eu não me importo que ele tenha uma amante. Na verdade, Cristina...

- Você a conhece? Tomam chá, juntas?

- Nada tão íntimo. Mas sim, a conheço. – Laura riu, dando-se conta do absurdo daquilo. – Tem 10 anos menos que eu, é linda e ele a ama. Passa a maior parte das noites que está em Madri com ela. Não sei se é correspondido sinceramente, mas, para ser franca, ela o faz feliz como eu nunca fiz.

- E você não se importa?

- Eu não o amo, Olga. Porque me importaria?

- Porque você é a mulher dele! – Olga estava prestes a pegar a amiga pelos cabelos e sacudir até colocar os neurônios a funcionar novamente. – E você? Tem um amante bem gostoso também? Me diz que sim! Pelo menos isso!

- Não dá pra dizer que eu seja fiel a Marcelo, mas, amante, com ponto de encontro e declarações às escondidas, não, não tenho. Nem pretendo. Às vezes saio, vou pra alguma balada sozinha e pego alguém ou...dou atenção à gaveta da felicidade. Minha coleção de vibradores é maravilhosa, você sabe.

- Bom...pelo menos a relação é aberta pros dois lados. – Olga abriu uma garrafa de champanhe e serviu a amiga. - Essa noite, vamos sair pra dançar, né?

- Pode apostar que sim! – Ambas brindaram, sabendo que a noite seria longa e divertida como muitas as que tiveram quando solteiras.

Olga sentiu-se ainda mais confusa no dia em que Marcelo esteve na casa, recém chegado da França. Ele tratou Laura com estrema educação, cuidado até. Mas sem nenhuma paixão. Porém, chegou trazendo dois pacotes nas mãos. E, apesar de Stella estar em casa, entregou ambos para Laura, que deixou para abrir mais tarde. Quando o fez, junto da amiga, ambas perderam o fôlego. Um belíssimo colar, digno de ser ostentado por uma rainha.

- Imagina se ele te amasse...te traria uma mina de diamantes inteira. – Comentou, vendo Laura simplesmente deixar a peça preciosa numa gaveta, como se não passasse de uma bijuteria.

- É a forma dele de se desculpar por amar outra mulher. – Não que ela se importa – Para Cristina, aposto que deu algo que represente seu lugar favorito em Paris. Quem sabe a réplica de um lugar onde não se aguentaram e deram uma rapidinha?

Não era exatamente uma reclamação. Pelo menos, joias não lhe faltavam. E, naquela noite, saiu de casa para divertir-se, com outros homens e a amiga, com peças dadas pelo marido a lhe enfeitar o pescoço, orelhas e pulso. Brilhava e atraía olhares. Ele merecia, pensou. E divertiu-se como pode.

Novos Dias: a história depois do fimOnde histórias criam vida. Descubra agora