Capítulo 9 - Algo grave acontece

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Ficar em torno dos papeis enviados por Laura tentando adivinhar o que se passava em Portugal de nada adiantava. Precisavam agir, nisso Massimo e Domenico concordavam. Mas primeiro precisavam entender o que exatamente ocorria. Se os Matos estivessem ameaçando Laura, de alguma forma, teriam de intervir. E, neste caso, não haveria conversa. Não permitiriam que Laura e Stella nada sofressem e isso incluiria lhe garantir poder de escolha sobre onde morar. Se Laura não quer voltar à Espanha, nenhum Matos a ira obrigar.

Massimo ligou para Mario e pediu que reunisse alguns homens de confiança e os colocassem em prontidão. E que depois viesse à mansão para se inteirar dos fatos. Se necessário, os espanhóis teriam ainda hoje um lembrete de quem Massimo Torricelli era. Enquanto isso, seu irmão acalmava a esposa e lhe garantia que manteriam Laura e Stella em segurança. Não importava o custo disso. E, por custo, não se referia apenas a dinheiro, mas sim ações. Iriam até o fim.

- Fale com Laura e peça que nos explique o que ocorre. Precisamos de informações.

- Eu já liguei e ela não atende. E mandei um milhão de mensagens! – Um sinal no telefone a fez abrir a conversa com Laura. – Vejam isso! A vagabunda disse que está trabalhando e não pode atender agora. Que me liga assim que puder. Vaca!

- Ótimo. Se ela está trabalhando, ela está bem. Quando Laura ligar, teremos informações... – Domenico pensou melhor. – Não, não conversem por telefone. Marque para o início da tarde uma videoconferência. Eu quero participar dessa conversa.

Massimo pensou que também gostaria, mas teriam de achar um meio para isso já que, na presença dele, dificilmente Laura falaria tranquilamente sobre qualquer assunto. E não sabia se Olga aceitaria que ele estivesse na sala, mas fora do ângulo da câmera. Ela se sentiria traindo Laura, mesmo que por razões justificadas. Mas, primeiro, iria resolver outro problema. Lidar com Mario.

- Eu não posso crer que, tanto tempo depois, você não aprendeu nada com tudo o que aconteceu, Massimo. – Ouviu o consigliere falar e, pelo menos por enquanto, não interrompeu deixando-o desabafar. – Não pode estar disposto a entrar numa guerra por uma decisão errada dessa mulher. Nós sabíamos que eles não aceitariam ser abandonados.

- Não só estou disposto, como vou, Mario. – Disse, simplesmente. Sem sequer levantar da cadeira. – Não preciso da sua liberação.

- E ela ainda tem a petulância de nos pedir alguma coisa. – Era como se ele não tivesse ouvido o que o Don havia dito. – Que não conte com minha ajuda para abrir o portão da próxima vez.

A referência ao dia em que Laura fugiu dele lhe atingindo a cabeça com uma arma e saindo da mansão, com Nacho, tendo a ajuda de Mario, fez Massimo encerrar qualquer tentativa de permanecer calmo. Avançou sobre o homem que agia como se fosse seu pai e o prensou contra a parede. Só não o matava naquele momento porque, no fundo, era grato por ele ter aberto aquele portão. Fora de si e drogado como estava, poderia ter matado Laura e Nacho, caso ela não tivessem conseguido sair da mansão e, neste caso, ele teria encerrado a própria vida logo depois. Portanto, naquele gesto, Mario tinha poupado três vidas.

- Laura não vai ter razões para lhe pedir algo assim. E, se quiser ficar vivo, nunca mais fale dela neste tom. – Avisou. – Por enquanto, só quero que mantenha os olhos de informantes bem atentos do que ocorre na Espanha. Até o final do dia teremos informações mais concretas e aí eu lhe direi o que faremos.

- E onde, nisso tudo, ficam o seu planejamento para pacificar os negócios?

- Boa parte das nossas empresas já não atua lavando dinheiro e estão trabalhando e dando lucro na legalidade. – E ele se orgulhava disso. - Essa questão não envolve os negócios. É uma resposta a um ataque pessoal.

Novos Dias: a história depois do fimOnde histórias criam vida. Descubra agora