Capítulo 22 - Malas prontas

529 33 9
                                    

Em choque pelo que acontecera na sala de sua casa, Laura deixou Massimo assumir o controle nas horas seguintes. Quando os seguranças saíram com o ensanguentado Murilo, Massimo abraçou-a em silêncio e beijou-lhe a face ferida, cobrindo suas lágrimas com carinho. Isso, porém, só a fez chorar ainda mais, dando vazão a enxurrada de sentimentos que ali estavam. A intensidade das lágrimas dela o apavorava, seja pela condição de saúde ou pela possibilidade dela voltar a vê-lo como um homem agressivo e a quem deveria temer.

- Me perdoe, Laura. Eu não deveria ter feito o que fiz na sua frente. Eu me descontrolei vendo-o te machucar. – Ele voltou a enxugar as lágrimas dela. – Pare de chorar, por favor. Eu só queria te proteger, não te assustar.

- Não estou assustada, nem te recriminando. – Laura respirou fundo, tentando equilibrar as emoções mais uma vez. – Seria hipocrisia quando até você chegar, eu estava apontando uma arma pra ele. E eu iria atirar, eu não deixaria que ele fizesse mal a Stella.

- Eu sei. Nossa menina tem sorte em tê-la como mãe. Mas esqueça disso, você não precisará disparar nenhum tiro. – Porque ele faria todos os disparos necessários para manter as duas em segurança. – Agora, chega de lágrimas, nós vamos pegar Stella e vamos para o apartamento.

Quando pediu para Stella abrir a porta, Massimo esperava encontrar outra Biel chorosa. Mas não. A menina olhou corajosamente para ele antes de voltar-se à mãe e abraçar-lhe pelas pernas. Stella mostrava-se uma criança especialmente corajosa e devotada à Laura.

- O moço mau machucou a mamãe. – A menina disse e só então Laura se deu conta que seu rosto já estava inchando.

- Tudo bem, querida. Não é nada.

Eles deixaram a casa com Stella no colo de Massimo. Laura lhe cobrira a cabeça com uma manta. Na noite quente, não havia nenhum sereno do qual proteger a menina. O que Laura desejava é que ela não visse a sala destruída e o rastro de sangue que ficara pelo chão. Quando chegaram ao apartamento, ele colocou Stella na cama e perguntou se ela queria um copo de leite morno antes de dormir.

- Não quero. Mas papai, eu não quero dormir. Quero cuidar da mamãe. Nós somos uma dupla, ela cuida de mim e eu cuido dela.

- Você precisa dormir, pequenina. – A dedicação da menina à mãe o emocionava. – Você confia em mim para cuidar dela?

- Amanhã ela vai estar boa, já?

- Eu vou fazer de tudo para isso. – Já tinha, inclusive, chamado um médico.

- Tá bom então. – A menina aceitou ir dormir e parou de lutar contra o sono. Sentindo-se segura, fechou os olhos e adormeceu.

Antes do médico chegar, enquanto colocavam gelo no ferimento, ficaram na sacada do apartamento, observando a água quase imóvel. A alta temporada tinha terminado e a quantidade de barcos era muito menor. Aquela vista passava uma tranquilidade que nenhum dos dois sentia.

- Vocês homens são ótimos em esmurrar uma mulher. Parece que minha cabeça vai explodir. – Laura disse, desistindo do gelo e perguntando-se o que poderia tomar para dor de cabeça. Com os olhos fechados, ela não viu o que aquela afirmação causou em Massimo.

- Eu faria qualquer coisa para fazer desaparecer da nossa história os dias em que eu a machuquei. – Ele não conseguiu fingir não ter escutado.

- Eu sei. Mas nós não temos uma máquina do tempo. Me desculpe...eu não queria trazer isso de volta agora.

O médico lhe examinou, mas avisou que não tinha muito a ser feito. Ela não tinha nenhuma fratura, apenas a dor da pancada sofrida. Ofereceu medicação e disse que um banho e sono eram o melhor que poderiam fazer para que ela se sentisse melhor amanhã. A primeira parte foi fácil de cumprir e Laura experimentou um novo tipo de prazer que envolvia ela e Massimo no chuveiro. Esse nada tinha de sexual, mas também oferecia libertação.

Novos Dias: a história depois do fimOnde histórias criam vida. Descubra agora