Capítulo 30 - O transplante

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Os dias foram passando e Laura se sentia um pouco mais fortalecida. Conseguia caminhar pelo quarto e não sentia mais dor onde a cesárea ainda cicatrizava. E conseguia amamentar seu bebê uma vez a cada turno do dia e da noite. O que lhe dava grande alegria. Vittorio se alimentava a cada três horas, então eles intercalavam uma mamada no peito e uma mamadeira. Quando a fórmula era oferecida, o pai lhe dava. Assim, os dois tinham a experiência de alimentar o filho, e ela não se sentia tão desgastada.

 Assim, os dois tinham a experiência de alimentar o filho, e ela não se sentia tão desgastada

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Não viviam uma rotina fácil. Ela seguia fazendo a hemodiálise e se sentia bem, apesar de perceber o inchaço em seu corpo ser constante. Laura reconhecia também o quanto era difícil para Massimo. Ele praticamente vivia no hospital, saindo apenas para dar atenção à Stella. Os negócios estavam esquecidos, apesar dela saber o quanto de responsabilidades ele tinha. Estavam, no entanto, muito felizes em ver o filho bem, ganhando peso. Laura se emocionava tanto em assistir a forma como Vittorio era bem cuidado pelo pai que nada era capaz de tirar sua esperança de dias melhores.

A tristeza veio, porém, quando Vittorio completou uma semana de vida e recebeu alta hospitalar. Massimo conseguiu uma autorização do hospital para que ele seguisse com a mãe, no quarto. Mas Laura reconheceu que não era o melhor para o filho. Era hora de pensar em Vittorio. Ele não tinha culpa das necessidades médicas da mãe e merecia ir para casa, como qualquer criança.

- Leve-o para casa, para o quartinho que eu preparei com tanto carinho. Eu tirarei o leite e você lhe dá na mamadeira. E, quando for possível, o traz para a mamãe dar colinho. – Ela disse.

- Laura, eu posso fazer o que você pede. Mas não pense que eu conseguirei estar em casa, cuidando dele e deixar você aqui. – Era impossível. – Terei de deixá-lo com a babá, com Olga ou com sua mãe e virei ficar com você.

- Não. Porque Stella e Vittorio devem ser a sua prioridade, sempre. A sua escolha acertada – Ela falava de passado, presente e futuro. – Não importa o que acontecer comigo, você sempre os terá.

Quando ela falava dessa forma, como se antecipando um final diferente do que ele planejava para aquela história, Massimo sentia um arrepio lhe percorrer a espinha. Laura às vezes agia como se fosse possível ele ter um final feliz com as crianças, mesmo que ela não sobrevivesse. Mas era justamente essa possibilidade que ele sabia não existir. Por mais que amasse seus filhos, só estaria ali, inteiro por eles, se ela estivesse junto.

Ele levou o filho para casa e, com a ajuda de Olga e dos sogros, tentou dividir-se entre a residência e o hospital, entre Laura e as crianças. No final da tarde, costumava levar os dois para ver a mãe. Por alguns dias essa rotina funcionou bem. Mas foi por pouco tempo.

Madalena disse não poder confirmar. Mas Massimo não teve dúvidas. O corpo de Laura sentiu o afastamento do filho. E ela piorou rapidamente. Vendo a situação tornar-se urgente, quando Vittorio tinha apenas 15 dias de vida, a mãe soube que retornaria ao centro cirúrgico, dessa vez para receber o órgão que poderia lhe salvar a vida. Jakub estava na Itália, em prontidão, desde o nascimento do sobrinho e apresentou-se à equipe médica assim que chamado.

Novos Dias: a história depois do fimOnde histórias criam vida. Descubra agora