Quando Laura abriu os olhos viu um quarto todo branco, com mobília de madeira em tom claro. O cheiro era uma mistura de medicamentos e produtos de limpeza. Mas tinha um toque adocicado, que ela entendeu a razão ao focar a atenção sobre um belo arranjo de flores deixado próximo a ela. Nada naquele quarto era mais belo, porém, que o homem adormecido na cadeira ao lado de seu leito. A mão dele estava na sua e a cabeça pendia para frente, sobre a borda do colchão. Pretendia lhe acariciar os cabelos, mas, ao primeiro movimento da mão, ele acordou.
- Laura...você...meu amor... – A exaustão estava explícita em seus olhos.
- Eu acordei. – Ela disse, com a voz um tanto rouca. – Para você.
- Eu vou chamar Madalena. – Ele levantou e apertou a campainha de comunicação com os médicos. – Como se sente?
- Viva. Do resto, não sei. Quanto tempo eu fiquei apagada?
- Você tem um novo rim há 51 horas. E seu coração quis dar um susto em todos nós. Mas agora está tudo bem. O seu organismo está reagindo bem ao rim.
- E Jakub?
- Passa bem, sua mãe está com ele. Deve receber alta hoje. – Ele lhe encheu o rosto de beijos. – Agora chega de perguntas. Você tem que repousar para se fortalecer.
- Mas nós temos um casamento a organizar, lembra? Ou nessas 51 horas você já organizou tudo? – Da outra vez, ele cuidou de cada detalhe e ela apenas subiu ao altar.
- Não, não há nada organizado. Sabe por quê? – Em parte, porque ele não tinha tido cabeça para nada além de pensar na recuperação dela. Mas isso ele não disse. – Porque, dessa vez, será você a escolher cada flor, cada docinho e cada convidado.
- Você sabe que se eu escolher tudo, será um casamento bastante simples e íntimo, não sabe? – Ela o amava agora ainda mais que há sete anos. E não entendia como era possível
- Então nosso casamento será simples e íntimo, meu amor. Eu trouxe uma coisa, para lhe dar quando acordasse. – Ele tirou do bolso o anel de noivado que meses atrás ela recusou e colocou em seu dedo. – Minha noiva, agora oficialmente.
Laura logo o viu se afastar para que a equipe de enfermagem lhe verificasse os sinais. Sentia, porém, os olhos dele sempre sobre si, apesar dela insistir que ele deveria ir para casa, se trocar e descansar. Quando a técnica de enfermagem foi lhe trocar o curativo do transplante e pediu que ele saísse, ouviu um decidido não.
- Ela é minha mulher e eu ficarei aqui. – Disse, sem gostar de ser enxotado.
Na hora que a mulher foi lhe banhar, porém, e ele deu a mesma resposta ao pedido de se retirar, Laura interveio.
- Por favor. Eu me sentirei melhor. É...muito íntimo. – Já era difícil o suficiente ter alguém lhe dando banho na cama.
- Será por pouco tempo. Só até a senhora estar mais forte e conseguir ficar embaixo do chuveiro. – A mulher lhe garantiu após Massimo deixá-las. Naquele momento, Laura pensou que era bom ser uma mulher a lhe cuidar. Se fosse um enfermeiro, seu agora noivo teria surtado.
Nos dias seguintes, ela realmente se fortaleceu bastante, com a alimentação aos poucos sendo liberada. Logo poderia ter uma vida praticamente normal, Madalena lhe garantiu.
- Espero que você não seja fã de sushi, porque alimentos crus, por segurança, seguirão fora o seu cardápio para sempre. Mas, tirando isso, desde que tome o medicamento imunossupressor regularmente, você terá uma vida normal. – Garantiu-lhe a médica.
Seu corpo apresentava ótima adaptação ao rim doado pelo irmão. E era para garantir que seguiria assim que ela tinha de receber, duas vezes ao dia, o imunossupressor. Todo o transplantado utiliza esse medicamento. Ele reduz a imunidade do organismo, que assim, não age contra o órgão estranho que lhe fora implantado. O que também torna o organismo mais frágil contra um vírus ou uma bactéria qualquer, por isso os transplantados precisam cuidar bem da saúde. Nada, porém, que chegasse a causar preocupação.
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Novos Dias: a história depois do fim
FanficHistória baseada na série 365 Dias e no desgosto a respeito do final original. Sem crer que a trama possa terminar da forma como o terceiro livro se encerra, nos permitimos aqui dar uma nova chance a Laura e Massimo. Os acontecimentos do terceiro li...