Três dias depois, Laura olhou para o anel e a aliança, que haviam sido colocados num delicado cordão de ouro, e observou-os sem acreditar que ainda existiam. Não se lembrava de quando os tinha tirado do dedo nem porque alguém os tinha enviado à Itália. Coisa de Nacho, provavelmente, aproveitando-se dos dias em que fora sedada. Mesmo assim, agora, olhando para as lindas joias, não via sentido em usá-las.
- Lembrança dos nossos bons momentos?
- Foi o que ele disse. – Olga respondeu. – Poxa! Pega! Ele não tá pedindo que você use, só te devolvendo...eu achei fofo.
- Quando é que você virou fã dele?
- Não virei. Às vezes quero dar na cara dele. E quando soube do que te fez, eu bati nele, se quer saber.
- Eu contava com isso, amiga.
- Mas...ele também sofreu muito Laura. Eu vi...eu vejo ainda hoje. E ele pareceu sincero quando disse que só queria corrigir esse erro.
Olga contou à amiga, em detalhes, toda a conversa que teve com Massimo sobre o desfecho financeiro do casamento. Então Laura se deu conta de que, realmente, aqueles primeiros meses após a separação, quando fugiu de Massimo, tudo era muito nebuloso em sua mente. Estava grávida e muito deprimida. E sempre havia uma enfermeira por perto, disposta a lhe dar algo para dormir. Lembrava-se de ter assinado muitos papéis, mas o que eram exatamente, não sabia.
De qualquer forma, não acreditava que teria agido diferente, mesmo que em totais condições psicológicas. A Messina era um lugar que lhe lembrava sofrimento. Ia para lá sempre que brigava com Massimo e fora lá que conheceu Nacho, quando ele se fez passar por jardineiro. A grife...bom dessa sim tinha boas recordações, mas não poderia mantê-la sabendo que fora dada pelo homem que a estuprou e, mesmo hoje, mais de cinco anos depois, não achava correto aceitar nem teria como incluir a marca italiana na sua já corrida rotina. Era algo que pertencia ao passado. E, sobre o acordo de divórcio. A verdade é que, se quando era uma Torricelli tinha dúvidas se merecia tudo o que lhe ofereciam, todo aquele luxo e comodidades que ela nada tinha feito para merecer, agora, tinha certeza que não. Ela não nascera para aquele mundo e não queria aquele dinheiro. Mas...os anéis...esses não conseguiu recusar.
- Diga a ele que...vou aceitar os anéis e apenas eles. E que o restante dos acertos financeiros estão como devem ser, mesmo que nenhum de nós tenha estado de mente presente quando foram realizados. – Havia uma lágrima querendo lhe escapar dos olhos e correr pela face. – E, Olga, pode dizer outra coisa pra ele?
- Claro, definitivamente eu virei garota de recados mesmo! – Dessa vez, ninguém riu da piada.
- Diz pra ele que...que eu desejo que ele seja feliz.
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Novos Dias: a história depois do fim
FanfikceHistória baseada na série 365 Dias e no desgosto a respeito do final original. Sem crer que a trama possa terminar da forma como o terceiro livro se encerra, nos permitimos aqui dar uma nova chance a Laura e Massimo. Os acontecimentos do terceiro li...