4. Jogada

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– Jake? —a voz saiu quase falha.

Vê-lo ali, diante de mim, me fez voltar por um instante ao passado.

"Você fudeu com tudo."

– Qual a porra do seu problema?! —felei, guardo a arma— Me matar? É sério que você ainda me culpa por cinco anos atrás?! —me aproximei do mesmo, parado, me encarando com frieza.

– Vai me dizer que não foi culpa sua? —ele me encarou. Seus olhos estão vermelhos e carregados por uma tempestade de lágrimas.

– Claro que não! Eu cansei de explicar pra você e pro seu bando. E eu não vou me humilhar novamente por algo que eu não tive nada a ver.

– Eu não diria isso. —ele balançou a cabeça, seus olhos marejados— Você fez a única coisa que não era para fazer. Foi direto pra armadilha dele e você diz que não tem nada a ver? Por favor, né, S/n. —Jake me olhava com desdém.

Assenti para o mesmo.

Sei que vou estar perdendo o meu tempo discutindo com o Jake. Não estou com a mínima paciência pra isso.

Passei pelo mesmo e me dirigi até a porta do galpão. Mas antes que eu pudesse sair, ele segurou meu braço esquerdo.

– Não me toca. —puxei meu braço de volta e o encarei— O que merda você quer?

– Por que está de volta à Duskwood? Você não vê que não é bem-vinda aqui? Você fudeu com tudo, S/n. Você não vê?

– Eu não devo satisfações pra você, Jake. —apontei para o peito do mesmo— Foda-se você e aqueles seus amigos. —o dei às costas novamente e passei pela porta— E vê se não fica no meu caminho! —disse, enquanto atravessava a rua.

Qual é a dele? Qual a porra do problema dele?!

Liguei o carro e dei uma conferida pelo retrovisor. Ele está em pé, logo atrás do carro, com as mãos dentro dos bolsos do moletom preto.

Revirei os olhos.

Jake veio até a porta do passageiro e, simplesmente, entrou, sem ao menos dar satisfações.

– Qual foi? Vai continuar o discurso sobre como eu sou uma pessoa horrível e que não mereço estar viva e que eu sou a culpada de absolutamente tudo? —me adiantei em falar.

– Estou disposto à deixar o meu orgulho de lado para ouvir você. —ele baixou a cabeça. Sua voz saiu mais calma.

Soltei uma risada nasal.

– É sério? Você anda bebendo, ingerindo drogas, ou sei lá? —dei de ombros.

– Não me faça me arrepender. Dirija até sua casa. —foi tudo o que disse.

Hesitei ao acelerar.

Você não deveria ouvir os sentimentos agora.

Silênciei a voz em minha cabeça e acelerei.

***

O caminho todo sem trocar uma palavra sequer. Eu gostaria de ouvir o que Jake tem a dizer, mas algo aqui dentro diz que vai dar merda. 

O convidei pra entrar em casa.

– Eu ofereceria algo, mas cheguei praticamente agora na cidade e não tive tempo para pensar em comida ou água. —disse. 

– Sem problemas. —ele falou, sentendo-se no sofá.

Sentei na poltrona, do outro lado da mesinha de centro.

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