14. Culpada

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Bom... eu nem tenho o que dizer e minha cabeça está tão confusa com tantas informações ao mesmo tempo, que nem consigo formular algo.

Lilly tem a mentira em seu favor, mas eu ainda posso virar o jogo e acabar com tudo de um vez por todas usando os fatos. 

Achei que quando enfrentasse Oliver e Tyler, colocaria um fim nesses joguinhos. Mas Lilly conseguiu manipular suas jogadas muito bem e agora tenho que jogar também ou serei condenada. Meu futuro está em jogo.

Jake está olhando para mim em silêncio. No fundo, está se culpando por tudo, eu sei.

– Preciso chamar os médicos, eles pediram que assim que acordasse os chamassem. —disse, se recompondo.

Assenti devagar.

Quando Jake saiu do quarto, meus pensamentos voltaram atona, acelerados em um nível absurdo.

Não sei o que pude ter feito para Lilly, mas ela está indo longe demais.

Tudo bem que ela protegeu o irmão ao menos essa vez. Mas por que jogar todo o peso em mim? Por que decidiu ferrar tanto com a minha vida? Por que simplesmente não trabalhou pra jogar a culpa no Oliver, já que ia preso de toda forma? Não seria tão absurdo o Oliver atacar o Governo. Ele é egocêntrico. Tenho certeza que, se Lilly criasse todo um contexto, assim como fez comigo, Oliver pegaria prisão perpétua.

Ela... ela sabia que fui usada. Sabia que fui obrigada a fazer coisas naquele quarto que jamais sonharia em fazer com qualquer um deles. Ela sabia.

Afinal, quanto tempo ele vai ficar atrás das grades?

Antes de me afogar de vez dentro da minha cabeça, Jake voltou acompanhado de um médico e uma enfermeira.

O médico tem uma aparência de uns 45 anos. Contém uma postura proficional, assim como sua assistente, suponho. A mulher aparenta ter uns trinta e pouco.

Ambos param ao meu lado. Jake está do meu outro lado.

– Olá, S/n. —cumprimentou o médico. Mostrei um meio sorriso em resposta.

– S/n, esses são o doutor Hugo e sua assistente, a enfermeira Amélia. —Jake nos apresentou.

– Eu e outros dois médicos realizamos suas cirurgias. A do seu flanco foi a mais trabalhosa. Jake nos explicou o que aconteceu com você. Foi muita sorte a lâmina não ter atingido nenhuma veia em sua mão. —disse o doutor.

– Sorte é ainda estar viva. —retruquei.

O doutor soltou uma risada nasal.

– E bote sorte nisso. —replicou o doutor Hugo— Como se sente?

Ótima! Não poderia estar melhor, tenho vontade de dizer, mas me segurei para não deixar a raiva me dominar e ser grossa com quem salvou minha vida. Mas convenhamos, esse tipo de pergunta é meio... óbvio demais. Como uma pessoa que quase morreu estaria se sentindo agora?

– Cansada. —respondi.

– Precisa ser objetiva e sincera se quiser receber alta logo. —falou o médico.

Simto muita dor ainda, mas se eu quiser receber alta logo, preciso mentir.

– Estou bem,  nada dói mais. É como se eu estivesse nova em folha.

Hugo me olha com desconfiança, sua assistente faz algumas anotações em uma prancheta.

– Me diga, consegue movimentar sua mão esquerda? —perguntou o doutor. 

Não, eu não consigo nem sequer pensar em movê-la. Ainda está dolorida. Muito.  Mas, preciso fazer um esforço se quero sair daqui.

Movimentei a mão para cima. Dói e tenho vontade de gritar, mas mantenho a expressão relaxada, só o maxilar cerrado.

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