6. Jogo

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Um tempo depois que Eric saiu, Jake entrou sem ao menos tocar a campainha ou bater na porta, simplesmente invadiu minha casa.

Ele caminhou em passos apressados até mim, ainda sentada à mesa comendo o meu misto e o tomando o café.

Infelizmente, a atitude de Jake não me surpreendeu.

– O que ele queria? Você comentou com ele sobre mim? —Jake sentou-se na cadeira em que Eric estava.

– Ele só veio me fazer uma visita. Não sei se você sabe, mas você e o seu circo me odeiam. —disse, um tom acompanhado de sarcasmo.

– Nós não odiamos você. —ele franziu a testa.

– Ah, não?! —soltei uma risada nasal— Acho que foi ontem que você tentou me matar, não foi? —forcei uma expressão pensativa— E todos os outros me deram as costas depois daquela noite. Nenhum de vocês realmente se preocuparam comigo ou com o meu pai. Vocês só ligaram em como eu me intrometi e matei a amiguinha de vocês. —levei as mãos para debaixo da mesa e cerrei os punhos.

– Parece que alguém aqui está de mal humor. —Jake me avaliou com o olhar.

– Não enche a porra do meu saco. —bati os punhos na mesa ao levantar.

Andei até a sala e me acomodei no sofá.

Analisei minhas anotações, sem ligar para o fato de que Jake está aqui. Falando nele...

Ele se sentou ao meu lado e tomou a agenda de minhas mãos.

Me controlei para não voar em cima dele e arrancar a agenda de suas mãos.

– Interessante... —ele disse— Acha mesmo que o Homem Sem Rosto está envolvido nesse caso? Já fazem cinco anos. Acha mesmo que ele voltará pra perder seu tempo com você? —ele me olhou, as sobrancelhas erguidas.

– Bom, você está perdendo o seu tempo comigo. —retruquei.

– Eu não diria isso. Estou apenas conhecendo o meu alvo. Inclusive, percebi que seu temperamento é explosivo. Sempre foi na verdade. Como dizem: certas coisas nunca mudam. —ele voltou a ler minhas anotações.

"Meu alvo."

O que ele quer dizer com isso?

– Eu nunca disse que não tentaria matá-la depois. —ele disse, como se desse para ouvir meu pensamento.

– Enquanto a todo aquele teatro de ontem? Eu sabia que não poderia ser verdade. O jeito que você manipula as pessoas a sua volta é único. Eu reconheço isso.

– Que bom que não caiu naquelas palavras que cospi ontem. Assim sabe que não sou digno de sua confiança. Até que eu prove ao contrário.

Ótimo.

– Você quer me matar ou não? Posso facilitar seu trabalho.

– Claro que quero vê-la morta. Todos nós desejamos isso. Mas, é um desperdício perder você.

Um impasse.

– Não estou a fim de jogos. Você não veio aqui para me ajudar. Revele suas cartas, Jake. Afinal, o que realmente você quer? —peguei a agenda de suas mãos e ele me encarou.

– Brincar um pouco. —Jake levantou do sofá— Vai rolar uma festa, hoje à noite, na casa da Cleo. Sinta-se convidada. Talvez tenha algo de seu interesse por lá.

Ele parou atrás de mim e sussurou em meu ouvido:

– Alguém que conheceu a Mady Rossi, por exemplo.

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