Meios Para Um Fim - Duskwood

(4) 1. Mentiras

Uma Semana Depois

Quando trouxeram Richy e eu de volta à Duskwood, fui levada imediatamente para o hospital e Richy para a delegacia. Ele foi interrogado e confessou tudo. Estão ciente que Richy foi ameaçado, ele poderia ser preso por cúmplice.

A polícia está com o meu celular para rastrear o celular do Richy, que talvez esteja com o Oliver. Estou sem meu celular durante todo esse tempo. Bom, não importa agora.

Jake ficou furioso comigo, obviamente. Mas ainda assim, cuidou de mim quando recebi alta. Lilly também ajudou, mas ela está diferente.

Posso andar com firmeza agora, há quatro dias atrás, doía muito. Ainda dói. Os novos ematomas que Oliver deixou em mim. Os pontos que tive que levar no canto da minha boca.

Estou exausta, mas nada acabou ainda.

Não posso ceder à derrota. Não posso me entregar para que tudo isso acabe, apesar de já ter pensado nisso várias e várias vezes enquanto me recuperava.

Como os policiais chegaram a tempo no local? Eu informei aos guardas que estavam aqui para dizer ao Eric que rastreassem o meu carro e me seguissem.

Não, Oliver ainda não foi preso. Tenho que lutar comigo mesma todos os dias para pegar ele. Para me superar.

Ninguém do grupo veio me ver. Bom, tentaram, mas não permiti.

Os médicos disseram que o veneno do cogumelo Amanita já saiu do meu organismo.

– Como está se sentindo? —perguntou Eric, sentado na beira da cama.

Ele sempre arruma tempo para vir me visitar. Às vezes muito cedo, antes de ir para o trabalho, e às vezes depois de sair ou em seu horário de almoço.

– Não dói mais. —menti. Dói um pouco, mas nada muito grave.

Nos encaramos por um tempo.

Já conversamos, Eric se desculpou por ter sido um idiota e não ter pensado em outra coisa a não ser em mim.

– Amo você. —ele ficou por cima de mim, apoiando as mãos na cama, e beijou minha testa.

– Bom trabalho. —mostrei um meio sorriso.

Eric me olhou de onde estava.

Jake entrou no quarto segurando uma bandeja cheia de comida — frutas cortadas, misto, suco de laranja, queijo cortado em cubos.

– Opa-opa, saí de cima da minha mulher. —disse Jake.

Eric o olhou com indiferença.

– Sua. —Eric revirou os olhos.

– Qual foi, delegado? Não se contenta com a Cleo? Já se cansou dela? —provocou Jake.

Ele caminhou até o outro lado da cama, onde se senta ao meu lado.

– Eu conheço a S/n há muito tempo. O carinho que sinto por ela é diferente do que sinto pela Cleo. —explicou Eric, se dando o trabalho de alimentar o ego de Jake.

– Entendo. —ele colocou a bandeja entre nós— A Cleo não chega nem aos pés dessa aqui, não é? —Jake apontou com o queixo para mim.

Eric parece pensar em algo para responder de volta, mas Jake se adiantou:

– Você teve uma chance de conquistá-la, mas perdeu, eu não. —ele deu de ombros.

– E vocês estão juntos, é? —Eric nos olhou com indiferença.

Jake e eu nos olhamos.

Não, não estamos juntos. A gente fica aqui e ali, mas nada demais.

– Sim, estamos juntos. —Jake respondeu— Há quanto tempo, amor? —ele me olhou.

Revirei os olhos. Eric riu.

– Bom, vou deixar o casal em paz. —Eric falou antes de sair.

Peguei um pedaço de queijo e comi.

– Agora, onde paramos? —perguntou Jake.

Jake e eu conversávamos sobre Lilly há alguns dias atrás. Eu não revelei nada do que Lilly me disse. Depois que saí da minha casa, no dia em que Richy me levou para uma armadilha a mandato do Oliver, Phil foi conversar com o Jake. Na verdade, eles meio que discutiram ou algo assim. Phil acusou Jake de estar colocando coisas em minha cabeça e por isso eu estou agindo com "estranheza" com o grupo. Jake quer respostas minhas, óbvio. Já explicaram para ele tudo o que aconteceu. Incluindo que eu havia falado coisas horríveis a respeito deles para Lilly, e, Lilly foi contar para eles. Eu nunca falei mal deles, estava ocupada demais mantendo suas vidas em segurança.

– Eu já te disse, eu não falei nada sobre eles com a sua irmã! Como eu poderia fazer isso assim, de imediato? Eu nem confio nela.

– Lilly disse que vocês conversaram antes de irmos para a festa.

– Foda-se o que Lilly disse pra você e para os outros. Foi ela quem me disse o que a Jessy pensava sobre mim, e no dia seguinte, eu a repreendi para que me dissesse o que os outros pensavam. —confessei, sem paciência para jogar agora.

– Então está dizendo que a Lilly semeou toda a desgraça?

– Sim, estou. 

– Então ela mentiu para todos nós dizendo que você havia confessado para ela sobre o que pensa sobre eles. —concluiu por fim.

Finalmente ele conseguiu raciocínar!

– Exatamente. Você me avisou sobre sua irmã, eu não quis ouvir. Não quis acreditar só porque não me permiti pensar o óbvio. Estava dominada pela raiva, pelo ódio. Me desculpe. Às vezes não consigo me controlar. Eu... eu não estou conseguindo controlar nada ultimamente. —minha voz quase falhou.

Jake segurou minha mão e beijou a parte de cima. Ele me observa.

– Eu acredito em você. —ele diz, o tom meio baixo e suave, quase um sussuro— Ela tentou me manipular, dizendo que sua memória está embaraçosa por causa do acidente. Também me disse coisas horríveis que na hora eu senti raiva, mas sabia que se fosse verdade, você me diria pessoalmente porque é assim que você é, uma esquentadinha que coloca as pessoas no seu devido lugar só usando palavras. Palavras dolorosas. —ele está com um sorrisinho.

Não sei se sinto vontade de beijá-lo ou de meter o soco em seu rosto impecável.

– Eu observei você. —falei, deixando de lado tudo o que Jake disse— Você está me escondendo algo. Algo relacionado ao seu trabalho.

Jake franziu a testa.

Continuei:

– Não há problema, estou presa em Duskwood até pegar o Oliver. Consegui prolongar meu tempo aqui.

Conversei com o delegado Roger, ele entendeu que Oliver fez e ainda faz parte da minha investigação. Amanhã retornarei à delegacia de Duskwood. Finalmente.

Amanhã irão me atualizar. Sinto que a Polícia Federal sabe de algo. Eles foram acionados e mandados para cidades vizinhas.

Tenho um pressentimento estranho e uma sensação ainda mais esquisita. As coisas já não estão lá boas e ainda irão piorar. Muito.

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Continua...