nine

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Bárbara Laurent, point off view

Eu não sabia porque eu estava sentada no chão, próxima a porta

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Eu não sabia porque eu estava sentada no chão, próxima a porta. Eu não sabia por que as lágrimas insistiam em descer pelo meu rosto. E nem sabia por que meu corpo sentia tanto frio como se todo o calor da terra tivesse esvaído como que por encanto. A única coisa que eu sabia é que minha vontade de me levantar e correr atrás de Victor e gritar: Sim. Eu irei com você, era grande demais para ser ignorada.

Entretanto às vezes a razão falava mais alto. Eu sabia que não poderia fazer isso, simplesmente porque Victor estava voltando para sua esposa e seu filho. E eu ficaria aqui, como aquilo que realmente sou: um romancezinho virtual que a distância aos poucos se encarregaria de apagar. Na verdade eu sou bem covarde. Ou não, posso ser apenas precavida. Victor jamais tocou em qualquer assunto relacionado a nós dois. E se eu fosse para Londres? E se daí a duas semanas aquele nosso furor sexual chegasse ao fim? O que eu faria? Continuaria trabalhando com ele ou voltaria para Oxford e fingiria que aquilo tudo foi um sonho? Eu não suportaria. Victor jamais poderia ser considerado um sonho. Antes de conhecê-lo sim. Mas depois de desfrutar de tantos momentos bons com ele, isso me parecia impossível.

Com muito custo me levantei e segui até o banheiro. Tirei minhas roupas e entrei sob a ducha, deixando que a água levasse os últimos vestígios dele ainda em meu corpo. Aqui estava bom. Eu não conseguia ver minhas lágrimas, embora soubesse que elas estavam ali.

-- Burra. Burra. Onde fui me enfiar?

Onde eu estava com a cabeça quando aceitei aquela loucura? Elevar meu ego e mostrar pra Maya que eu era tão boa quanto ela? Esse foi meu erro.

Fiquei horas sob a água morna até finalmente desligar o chuveiro. Recolhi algumas peças de roupas que estavam espalhadas pelo quarto. Fui até a sala e peguei a sacola com as lingeries que ele tinha me devolvido antes de voltar para Londres.
Atirei-as numa gaveta qualquer e fui até a cozinha. Como sempre ia me afundar no waffle com sorvete. Sentei-me para comer e mal mordi o primeiro pedaço a campainha tocou.

-- Merda.

Levantei-me a contragosto e abri a porta. Maya entrou sem pedir licença, altiva, olhando para o pote de sorvete.

-- O que foi dessa vez?

-- Nada.

-- Te conheço. Se entupindo de sorvete, alguma coisa foi.

-- Deu vontade. E além do mais isso não é da sua conta.

-- Isso tem a ver com Victor Augusto?

Congelei.

-- Como?

-- Sei que viajou com ele.

Deu pra vigiar minha vida agora? O que é? Suas noites regadas a festa de famosos não te atraem mais? Precisa se ocupar da minha?

-- O que espera com isso?

𝗹𝘂𝘅𝘂𝗿𝗶𝗮Onde histórias criam vida. Descubra agora