eleven

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Barbara Laurent, point off view

O resultado estava ai: eu parecia um zumbi, uma songa monga sem vontade para nada

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O resultado estava ai: eu parecia um zumbi, uma songa monga sem vontade para nada. Olhando fixamente para os papéis à minha mesa sem realmente enxergar. Três dias. Exatos três dias sem sequer ouvir a voz dele. Tampouco esteve online. Para mim já estava muito claro. Tudo bem, talvez os problemas com a esposa tenham sido piores do que imaginei, mas ele poderia ao menos ligar.

A verdade era aquela que eu já sabia. Acabou-se o tesão, o desejo abrasador que sentimos um pelo outro. De minha parte ainda persistia. Aliás, não só o desejo. Percebi tarde demais que eu estava me apaixonando por ele. Por que nós mulheres temos que ser assim? Por que em tanto pouco tempo eu já não consigo dormir sem ouvir a voz dele? Fracas em matéria de sentimentos? Não bastava uma simples foda com um homem maravilhoso e pronto? Precisava envolver assuntos do coração?

Mas no fundo eu estava meio decepcionada. Esperava que ele pelo menos se despedisse. Mas não. Nenhuma palavra. Nem mesmo um tchau trouxa, foi bom.

Agora era seguir tentando não pensar nele. Tentando não pensar em como ele despertou um lado adormecido em mim. E o melhor de tudo: me fez ver que eu nunca fui pior que Maya. A prova disso é que eu o tive em meus braços, enquanto ela não ganhou sequer um olhar.

-- Merda.

Coloquei os papéis à minha frente e quando comecei a me concentrar eis que surge a praga. Aturar Maya num dia em que eu não queria ver nem eu mesma em frente ao espelho seria dose.

-- Boa tarde, Ba.

-- O que você quer ?

-- Nossa. Quanta simpatia.

-- Me chamando de Ba é porque quer alguma coisa. Fale logo que estou trabalhando.

Ela se sentou à minha frente, o vestido branco justo subindo até o meio de suas coxas. Eu tinha quase certeza que o assunto tinha a ver com Victor.

-- Sabe se Victor vem por aqui esses dias?

Encarei-a com uma vontade de mandá-la ir para o inferno.

-- E por que eu saberia? Você é assessora dele. Você deveria saber.

-- Deveria. Mas como dessa vez ele conversou com você e não comigo, pensei que soubesse.

-- É mas não sei.

-- Liguei para o celular dele mas ele não atendeu.

Que descarada. Ligar no celular dele?

-- Você não fez isso!

Ela deu de ombros.

-- O que tem de tão importante para falar com ele?

Sobre o jantar em nossa casa.

-- Quando vai cair na real? Victor é ca.sa.do. Nunca vai dar bola para você.

𝗹𝘂𝘅𝘂𝗿𝗶𝗮Onde histórias criam vida. Descubra agora