0 | PRÓLOGO

7K 393 58
                                    

[Capítulo Modificado]

"Dedico este livro àqueles que tiveram ou terão um segundo encontro."

Hanna tinha apenas nove anos quando sentiu o seu mundo desabar pela primeira vez. O luto que viera depois fora pior ainda.

— Alô?

Sua mãe atendia ao celular na cozinha. A noite estava fria e chuvosa, quase como se refletisse o futuro que se aproximava. Hanna assistia a um desenho na televisão enquanto esperava o jantar, prontamente debaixo das cobertas. Já seu pai mantinha-se no celular vislumbrando os resultados do jogo de baseball.

— Como...? — O sussurrar alarmado de sua mãe chamou-lhe a atenção.

Passaram-se apenas alguns segundos até a mulher desligar o telefone às pressas e chamar pelo marido. Hanna nem teve tempo de perguntar o que havia acontecido, apenas obedeceu para que entrasse no carro e, com as mãos trêmulas, apertou o cinto.

— Qual é o hospital? — O homem, ao volante, perguntou.

"Hospital? Como assim hospital?", Hanna pensa.

— Mamãe, o que está acontecendo?

A mais velha responde ao homem e vira-se para a filha enquanto o marido, em alta velocidade, dirige-se para o local.

— Houve um acidente.

— Acidente? Que acidente!?

Foi necessário apenas uma palavra — um nome — para que o coração de Hanna parasse por um minuto e seu chão fosse tomado.

Com a cabeça girando e as pernas tremendo, o vislumbre de uma ambulância, ainda mais rápida que eles, passando ao seu lado fez com que Hanna se assustasse ainda mais. Parecia um filme de terror.

A ambulância ia numa velocidade feroz e, atrás dela, um outro carro, com um garoto e um homem pálido em preocupação, a perseguia numa mesma velocidade.

— Pai! Vai mais rápido! — O menino gritava para o pai enquanto tinha lágrimas nos olhos. O homem não responde, mas atende ao pedido.

Chegando ao hospital, o garoto quase capota do carro junto ao seu pai e ambos vão em direção a maca que carregava uma mulher jovem, magra e doente.

Tudo passa como um borrão, até finalmente o garoto e o homem estarem no mesmo quarto que a moça. Soluçando, o garoto pergunta ao pai, enquanto via o corpo desfalecido da mulher: — Pa-papai, a mamãe vai ficar bem?

O garoto, com as pernas fracas, anda quase que rastejando até o corpo da mãe que, com muita lentidão, vira sua cabeça para o filho e dá um singelo sorriso.

— Oi, meu amor. — Ela sussurra e, enfim, o garoto cai em prantos.

Começa a chorar muito e acomoda-se na mão da mãe, não querendo vê-la partindo.

— M-Mamãe! V-Você vai ficar b-bem, não é?

O sorriso da mulher vacila. Com as mãos fracas, as passas sobre o rosto do filho.

— Eu não vou ficar bem, meu filho.

— P-Por que não?

A mãe pega a mão do filho e a beija, sussurrando em sua palma:

— Meu filho... meu tão amado filho. Eu quero que você saiba que eu sempre irei te amar.

M-Mamãe...

— Meu amor, saiba que você é uma pessoa muito bondosa e honesta, mesmo que as pessoas um dia digam o contrário — ela fecha os olhos brevemente, abrindo-os de novo após um tempo. — Você é gentil e, mesmo não mostrando, você se importa com as pessoas...

Só Agora Eu Sei ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora