37 | A HISTÓRIA POR TRÁS DO NOME

608 72 21
                                    

Hanna levanta-se e começa a andar desnorteada pelo calçadão. Um zumbido soava em sua cabeça.

Milhares de milhões de memórias transbordavam em sua mente.

Prestes a quase cair de exaustão e cansaço, ela apoia-se na árvore mais próxima, e flashs do sonho passam por sua cabeça.

- Peter. E o seu?

Era ele. Sempre fora ele.

A visão da menor começou a se remexer, doendo a cabeça. Pôs a mão sobre a testa, cobrindo os olhos. Sua respiração estava ofegante e suas pernas tremiam. Metade de seu corpo estava apoiado numa árvore.

Então sua respiração falha ao lembrar de algo que passou despercebido:

- O fio...

Sua memória foi desbloqueada.

Imagens do dia em que se esbarra em Peter pela primeira vez no aeroporto subiram-lhe à memória e Hanna começara a ficar zonza com tanta informação.

Se lembrou do que tomara na mão quando foi praticamente empurrada por Peter e forçara-lhe a lembrar-se do nome do pequeno, e de aparência gentil, livro. Um tsc-tsc-tsc soava em sua mente, que se moveu para o céu de sua boca, percebendo que estava formando este som com o estalar da língua.

Então seus olhos se arregalaram e sua boca sussurrou inconscientemente:

- Fio vermelho.

Meu Deus, ela gritava internamente, pois não tinha forças para exclamar nada para fora.

Suas pernas começaram a tremer mais, mas nem isso a impediu de correr de volta para casa. Haviam se passado horas desde que dormira no meio do festival, pendendo para o anoitecer, mas Hanna não se importava. Suas pernas apenas recebiam o comando de voltar para casa.

"É apenas uma coincidência...?", o cérebro questionava em dúvida.

- Não. - Sua boca respondeu ao escutar o coração. - Não pode ser apenas uma coincidência.

Era nisso que Hanna queria acreditar. Já conhecia Peter há anos e nunca o reconhecera, e isso a atordoava. E o fio vermelho... Não sabia o que significava, mas tinha, durante todo esse tempo, escondido debaixo de sua cama, aquilo que poderia ajudá-la a entender.

Esteve com o livro desde que conhecera Peter.

Mas não sabia quem era Peter ou o que era o livro.

E, somente agora, conseguiu juntar os fatos, como se as evidências tivessem sido apagadas de sua mente até o momento.

E isso era inacreditável.

Sem saber como, seus pés pararam em frente à sua casa. Hanna entrara com tudo, sem se preocupar se, até mesmo, havia quebrado a porta de entrada.

Também não preocupara em ver se sua mãe estava ou não em casa, e, se sim, como estava. Apenas subiu até seu quarto e trancou-se lá.

Jogou seu celular em cima da cama, nem ao menos ver se havia alguma mensagem. Agachou-se com velocidade extrema e tateou na procura de qualquer objeto que estivesse debaixo de sua cama.

Então o encontrou.

De formato comum; retangular e baixo; nada ásperos às mãos - até reconfortante -, Hanna pegou o que parecia ser um livro e quase lacrimejou ao ler o título em letras garrafais:

- Fio Vermelho. - Ditou com a voz embargada em reconhecimento.

Seu coração estava mil por hora e suas mãos voltaram a tremer. Apertou o objeto contra o peito, como se assim pudesse o proteger de todos os que tentassem roubá-lo de si - como se alguém fosse roubar.

Só Agora Eu Sei ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora