Hanna levanta-se e começa a andar desnorteada pelo calçadão. Um zumbido soava em sua cabeça.
Milhares de milhões de memórias transbordavam em sua mente.
Prestes a quase cair de exaustão e cansaço, ela apoia-se na árvore mais próxima, e flashs do sonho passam por sua cabeça.
- Peter. E o seu?
Era ele. Sempre fora ele.
A visão da menor começou a se remexer, doendo a cabeça. Pôs a mão sobre a testa, cobrindo os olhos. Sua respiração estava ofegante e suas pernas tremiam. Metade de seu corpo estava apoiado numa árvore.
Então sua respiração falha ao lembrar de algo que passou despercebido:
- O fio...
Sua memória foi desbloqueada.
Imagens do dia em que se esbarra em Peter pela primeira vez no aeroporto subiram-lhe à memória e Hanna começara a ficar zonza com tanta informação.
Se lembrou do que tomara na mão quando foi praticamente empurrada por Peter e forçara-lhe a lembrar-se do nome do pequeno, e de aparência gentil, livro. Um tsc-tsc-tsc soava em sua mente, que se moveu para o céu de sua boca, percebendo que estava formando este som com o estalar da língua.
Então seus olhos se arregalaram e sua boca sussurrou inconscientemente:
- Fio vermelho.
Meu Deus, ela gritava internamente, pois não tinha forças para exclamar nada para fora.
Suas pernas começaram a tremer mais, mas nem isso a impediu de correr de volta para casa. Haviam se passado horas desde que dormira no meio do festival, pendendo para o anoitecer, mas Hanna não se importava. Suas pernas apenas recebiam o comando de voltar para casa.
"É apenas uma coincidência...?", o cérebro questionava em dúvida.
- Não. - Sua boca respondeu ao escutar o coração. - Não pode ser apenas uma coincidência.
Era nisso que Hanna queria acreditar. Já conhecia Peter há anos e nunca o reconhecera, e isso a atordoava. E o fio vermelho... Não sabia o que significava, mas tinha, durante todo esse tempo, escondido debaixo de sua cama, aquilo que poderia ajudá-la a entender.
Esteve com o livro desde que conhecera Peter.
Mas não sabia quem era Peter ou o que era o livro.
E, somente agora, conseguiu juntar os fatos, como se as evidências tivessem sido apagadas de sua mente até o momento.
E isso era inacreditável.
Sem saber como, seus pés pararam em frente à sua casa. Hanna entrara com tudo, sem se preocupar se, até mesmo, havia quebrado a porta de entrada.
Também não preocupara em ver se sua mãe estava ou não em casa, e, se sim, como estava. Apenas subiu até seu quarto e trancou-se lá.
Jogou seu celular em cima da cama, nem ao menos ver se havia alguma mensagem. Agachou-se com velocidade extrema e tateou na procura de qualquer objeto que estivesse debaixo de sua cama.
Então o encontrou.
De formato comum; retangular e baixo; nada ásperos às mãos - até reconfortante -, Hanna pegou o que parecia ser um livro e quase lacrimejou ao ler o título em letras garrafais:
- Fio Vermelho. - Ditou com a voz embargada em reconhecimento.
Seu coração estava mil por hora e suas mãos voltaram a tremer. Apertou o objeto contra o peito, como se assim pudesse o proteger de todos os que tentassem roubá-lo de si - como se alguém fosse roubar.
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Só Agora Eu Sei ✓
Storie d'amoreDuas almas, dois destinos separados pelo tempo e circunstâncias, mas o fio sempre volta a aproximá-los. Duas almas, agora no mesmo destino. Hanna é uma jovem aprisionada pelos traumas e sentimentos do passado que tenta, a todo custo, sufocá-los e se...