22│A CULPA

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Sua cabeça latejava, assim como suas costas.

O dia estava sendo exaustivo. Desde a escola até o trabalho.

Hanna não parava um minuto. Era mesa para limpar, clientes para atender e refeições para preparar. Isso, no total, não era nada. O que a estava desgastando de verdade era o fato de Peter não ter comparecido as aulas e não ter respondido nenhuma, sequer, mensagem. A preocupação que ela tinha era desesperadora. Sua cabeça latejava a cada segundo em que pensava no garoto e a culpa também estava presente. Pensava, paranoicamente, que por não ter sido cuidadosa e ter feito o garoto se molhar e correr exageradamente no dia anterior, teria o feito ficar mal daquele jeito, já que sabia um pouco sobre sua condição instável, coisa que o moreno a havia contado.

Hoje, sendo uma quinta, Hanna trabalhava poucas horas e assim que seu turno se encerrou, imediatamente recebeu uma mensagem de Alyce.

Ainda vem aqui em casa? — A ruiva lê a mensagem em voz alta, batendo a palma na mão na testa em seguida, xingando-se mentalmente.

Com tanta coisa que havia passado no dia anterior, esqueceu-se totalmente que havia prometido para a loira que iria para a sua casa. Por fim, depois de algum tempo pensando, achou melhor não desmarcar o encontro. Talvez isso a ajudasse a parar de se preocupar e ter incontáveis paranoias.

"Acabou o meu turno agora, já chego aí.", ela envia.

Depois de alguns segundos, manda outra mensagem.

"Você vai ter que me reembolsar pelo Uber, você mora muito longe!", rapidamente ela digita e poucos minutos depois já está acomodada no banco traseiro do carro.

"Golpista...", a ruiva lê mentalmente a mensagem de Alyce e ri nasalmente. Mesmo com sua mente carregada de problemas e preocupações, Hanna, nestes momentos, não mudava seu jeito de ser. Tentava digerir tudo com enorme tranquilidade e calma, não se precipitando, mas isso não fazia aliviar-se da culpa e dos pensamentos obscuros, pensando em mil possibilidades sobre como Peter estaria.

Balançou a cabeça para os dois lados levemente, tentando esquecer tudo e fingir que, sim, Peter está bem....

Ou será que não estaria?

***

Depois de uma briga interna em sua consciência, Hanna finalmente chega em frente a luxuosa casa de Alyce. Mesmo já tendo ido lá milhares de vezes, sempre se surpreendia com o luxo, pois não estava acostumada. Vivia de aluguel e não em casarões que parecem ter saído de uma revista sobre famosos.

Anda poucos metros, chegando em frente a porta com o triplo de seu tamanho e bate levemente na mesma.

— Hanna! — A ruiva é surpreendida pelo abraço repentino da loira, que praticamente jogara-se em seus braços.

Lentamente rodeia os seus braços e aceita o gesto, sorrindo minimamente.

— Senti tanta a sua falta! — A loira dizia agitada, fazendo com que a menor risse.

— Alyce, nos vimos hoje na aula.

Ai, eu sei, eu sei, mas mesmo assim! Faz muito tempo que você não vem aqui em casa!

Alyce desgruda-se do abraço, puxando, Hanna, pela mão e fazendo-a entrar.

— Ah, oi, Hanna! Quando tempo, não? — Rosa, uma das empregadas que Hanna conhecia há tempos, a cumprimenta com um sorriso.

— Acho que uns dois meses, Rosa. — Hanna ri brevemente.

— Precisa vir mais vezes aqui em casa, minha flor!

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