Bryan saíra apressado de casa. Havia recebido uma ligação de Charles, pai do melhor amigo, há alguns minutos, falando que o filho havia adoecido no dia anterior e que o jovem não estava melhorando. O homem de meia idade, como já era de costume, chamou-o para dar-lhe apoio, já que, durante anos, o jovem, quando estava doente, sempre tinha como companhia e apoio, a presença do amigo, desde que morava nos Estados Unidos, até seus vinte anos de idade.
Era algo até que comum na vida de Bryan, já que, desde aquela época, via o melhor amigo doente frequentemente. Não suportava ver o amigo passar por todo aquele sofrimento. Sempre ficava ao seu lado quando isso acontecia, tentando tomar parte do sofrimento de Peter, para que o moreno, no fim, não sofresse tanto com as febres, dores de cabeça e viroses, por mais que isso não passasse de uma superstição de Bryan.
Em poucos minutos, depois de pedir um Uber, chegara em frente ao hotel luxuoso ao qual o amigo acomodava-se. Vestindo uma calça brim preta, um tênis branco mais do que comum, uma camisa cinza com estampa do Nirvana — uma das suas bandas favoritas — e sobre ela uma jaqueta preta, entrara no hotel ajeitando seu boné. Poderia não ser tão famoso quanto antes, quando estava no hype de sua carreira, mas, sim, ainda atraíra a atenção para si quando ia nos locais. Isso causava um extremo desconforto em Bryan, por mais que, às vezes, ainda se sentia grato por ter fãs ao seu lado, mesmo depois do fim da sua carreira. Sentia-se grato por saber que existiam pessoas o apoiando e não julgando-o por, de uma ora para a outra, ter acabado com o cinema e tudo que o envolvia.
Nem ao menos precisou passar pela recepcionista, já que sua visita já estava liberada desde o dia que Peter chegou a Londres.
Passou reto e entrou no elevador, clicando no botão do décimo segundo andar. Depois de poucos segundos, devido a incrível e potente velocidade da caixa de metal, Bryan chega ao quarto do moreno, abrindo a porta sem, ao menos, bater. Ele depare-se com Charles e Aurora, pais do amigo, ao lado do moreno, que suava frio com um pano aparentemente úmido em sua testa. Ele cobria-se com um fino lençol, agarrando-se naquilo como se fosse um guerreiro com seu escudo em meio a uma guerra insana.
Charles sorriu minimamente de canto, agradecido por Bryan ter chegado mais rápido do que imaginava. Aurora, esposa do grande homem ao seu lado, com seus olhos azuis cintilantes, pele branca reluzente e cabelos loiros, com alguns fios brancos visíveis a poucos metros, fez o mesmo movimento que o marido. Os dois se levantam de suas cadeiras, indo em direção ao jovem rapaz que ainda se mantinha em frente à porta semiaberta, olhando com dor e pena para o amigo.
— Obrigada por vir, Bryan. — O homem de meia idade agradece e Aurora confirmava com sua cabeça.
— Sim, sabemos o quanto isso pode ser doloroso para Peter. Ele passa por isto tantas vezes, que não deve mais aguentar... — a mulher de olhos azuis moveu seus olhos para o garoto na cama, que tremia levemente com frio. Os dois outros também voltaram a encarar o garoto, com os olhares carregando dor e tristeza.
Depois de alguns minutos em silêncio, apenas observando o moreno arfando na cama, Charles suspira e fecha os olhos, indo em direção à porta, sendo acompanhado por sua esposa.
Bryan os seguia com os olhos, virando-se para os dois e observando apenas as suas costas eretas; uma postura perfeita, diga-se de passagem.
— Já estamos indo, Bryan. E... — Ainda de costas, já fora do quarto do filho, o homem, do lado de sua amada, vira apenas a cabeça, olhando de soslaio com um mínimo sorriso triste — obrigado, mais uma vez.
O rapaz assentiu olhando os adultos se distanciarem, fechando a porta em seguida. Guardou as cadeiras em seus lugares novamente, optando por sentar-se na poltrona próxima ao pé direito da cama.
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Só Agora Eu Sei ✓
Storie d'amoreDuas almas, dois destinos separados pelo tempo e circunstâncias, mas o fio sempre volta a aproximá-los. Duas almas, agora no mesmo destino. Hanna é uma jovem aprisionada pelos traumas e sentimentos do passado que tenta, a todo custo, sufocá-los e se...