Seu turno acabara de começar. Hanna limpava as mesas e os balcões com agilidade, já acostumada com o trabalho. Durante a aula, pensara diversas vezes se demitia-se ou não, por fim, acabou por não. Ela se demitir, seria mais uma prova — para ela mesma — de que tudo o que fazia em sua vida era em prol de agradar seu pai, alguém que nem olhava para ela. Então, para manter sua dignidade e orgulho, decidiu manter o emprego.
Ao terminar de limpar todo o estabelecimento, ficou no caixa à espera de algum cliente. Enquanto mexia em seus cabelos um pouco desbotados, pensando que logo teria que pintá-los mais uma vez, ouviu o sino da lanchonete tocar. Ao ver quem era seu mais novo cliente, abriu um sorriso.
— Bryan, não? — Ela pergunta receosa, com medo de não ter lembrado bem de seu nome.
— Sou eu sim, ruiva.
— Pode se sentar. — Ela aponta para a cadeira alta de frente para o balcão à sua frente.
Ele senta-se de bom grado.
— O que irá querer?
— Vocês, por acaso, vendem peixe com fritas?
— Aham, deseja algo mais?
— Uma coca-zero.
— Está bem!
Ela vira-se e faz o pedido do garoto, e, enquanto espera ficar pronto, move a cabeça um pouco para trás, tentando, em vão, vê-lo novamente.
— Soube que os dois garotos aí viram filmes tristes e choraram a noite inteira... — Ela diz rindo, indo até à sua frente e lhe entregando o que foi pedido.
— Peter te contou? — Bryan ri enquanto come.
— Então é realmente verdade! Nossa, e eu achando que vocês dois tinham masculinidade frágil...
Bryan, ao cessar a risada e voltar a comer calmamente, faz uma pergunta um tanto afiada para Hanna.
— Peter me contou sobre ontem... — ele hesita — você está bem?
Hanna, enquanto o observa atentamente, move a cabeça um pouco para o lado, dando um sorriso sincero em troca.
— Estou sim.
Não era mentira, mas não era toda a verdade. A questão era que, sim, seu coração ainda se apertava ao lembrar-se e, diversas vezes ao dia, sentia a vontade imersa de gritar — algo que lutou para não fazer. Entretanto, a conversa que tivera com Peter melhorou seu ânimo em setenta por cento! Sentira-se muito melhor após o jogo de basquete, mesmo que seu orgulho não a deixasse admitir isso em voz alta.
Bryan sorri de forma acolhedora de volta, quando Hanna lembra-se de algo.
— Bryan, onde Peter foi? — a ruiva pergunta ao lembra-se que, logo após eles conversaram de amanhã, o mesmo não compareceu à aula, fazendo-a ficar preocupada — Ele sumiu de repente da escola e hoje a professora passou o assunto das provas....
O mais velho contrai as sobrancelhas confuso.
— Que estranho, ele não me disse nada... — Bryan fica pensativo — se tiver preocupada, vá ao hotel em que ele está hospedado, acho que sabe onde é, não? O seu quarto é o 1207, se eu não me engano.
— Obrigada. — Ela agradeça do fundo do coração. Realmente estava preocupada com Peter.
Eles continuaram a conversar naturalmente até Bryan acabar de comer e então se despediram, mas, mesmo assim, Hanna continuava preocupada. Por que ele faltaria a aula se estava tudo bem?
Ao terminar seu turno uma hora mais tarde, Hanna trocou-se na sala de funcionários. Estava receosa, não queria encontrar seu pai, já que sabia que ambos estavam hospedados no mesmo hotel, mas sua preocupação com o garoto era maior. Então respirou fundo, pediu um Uber e foi se encontrar com Peter.
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Só Agora Eu Sei ✓
Lãng mạnDuas almas, dois destinos separados pelo tempo e circunstâncias, mas o fio sempre volta a aproximá-los. Duas almas, agora no mesmo destino. Hanna é uma jovem aprisionada pelos traumas e sentimentos do passado que tenta, a todo custo, sufocá-los e se...