17 | O MUNDO É, REALMENTE, PEQUENO

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Peter sorri com o atrevimento da ruiva.

Hanna dá a bola para que Peter comece, mas em poucos segundos a mesma é roubada pela ruiva.

— Isso não funciona mais comigo... — Ele fala baixo.

Peter rapidamente toma a bola de novo, indo para a cesta contrária da qual Hanna estava indo. A ruiva o persegue, mas, sem sorte, não consegue pegar a bola e Peter marca uma cesta.

— Isso! — Peter grita — Dancinha! Dancinha! Dancinha! — Ele cantarola, fazendo a mesma "Dança da Vitória" que Hanna inventou, o que a faz revirar os olhos.

— Pode parar, ok? Só eu posso fazer essa dancinha!

— O vencedor, no caso eu, pode fazer essa dancinha! — Peter a provoca, parando aos poucos de dançar.

Hanna começa a se alongar enquanto Peter vai em busca da bola, e quando volta, a olha nos olhos, voltando a ter aquela mesma expressão fria e séria.

— Qual é o lance entre você e o seu pai?

Peter é tomado pela raiva só de lembrar-se de James, mas tenta, ao máximo, se controlar, disfarçando a raiva com frieza.

Hanna desvia o olhar.

— É.... complicado...

Ele fica em silêncio, instigando-a a continuar. Hanna suspira, tomando a bola para si. Vira-se de costas e começa a quicá-la.

— Eu nasci nas Américas, nos Estados Unidos, para ser exata. Aos sete anos, me mudei para Londres por causa do trabalho do meu... pai — ela hesita — Quando eu tinha uns dez anos, se eu não me engano, meus pais se divorciaram. Não foi um divórcio muito amigável e os dois começaram a se odiar... — ela se vira para ao garoto, ainda quicando a bola no chão — Depois disso, meu pai voltou à América e eu só o via raramente. Ele começou a me... ignorar, digamos assim. E a partir daí, eu me esforcei ao máximo para me tornar a filha perfeita. — Ela ri baixo com amargura da sua ingenuidade.

Peter a observa com tristeza, mas sabia que se transparecesse esse sentimento à ruivinha, sem dúvidas, levaria um, não, vários socos. Tudo o que faz, é olhá-la inexpressivamente, apenas apertando os punhos discretamente.

Hanna cessa o tímido sorriso e volta a olhá-lo.

— O motivo de eu estudar nesse colégio — ela afirma, soltando a bola e apontando para os ares, dando uma volta de 360 graus — é porque eu queria impressioná-lo. — ela enfatiza o fato da palavra estar no pretérito — E arrumei um emprego porque queria fazê-lo acreditar que eu já era madura o suficiente para ser sua filha querida, mas, pensando agora, eu era muito imatura por pensar que essas coisas tão... tão banais iriam agradá-lo e fazê-lo me enxergar!

— Não, Hanna, você não é....

Ele tenta refutá-la, mas é interrompido pela mesma.

— Não, Peter, eu sou. — Ela afirma com os olhos tão frios como o gelo — Eu fiz tudo isso por alguém que nem prestava atenção em mim. E sabe o que eu ganhei por todo o meu esforço!? Ganhei a porra de algumas fotos na TV, que eu nem autorizei de tirá-las! — Ela berra.

Peter se surpreende. Nunca ouvira a pequena Hanna ditar um palavrão sequer, bom, com exceção de quando tiveram aquele falso encontro no shopping e ela avistou seus amigos, e só! E aquela vez deu para perceber que ela estava com medo, mas agora era diferente. Estava com raiva. Com ódio.

— Quando ele me disse que viria para cá... Peter, você não faz ideia do quanto eu fiquei feliz... —seus olhos, desta vez, não eram frios. Eles carregavam um misto de tristeza e nostalgia.

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