Hanna não sabia como e nem quando capotara em sua cama na noite passada e acabara dormindo. Também não sabia de onde tirava tanto sono, se já havia dormido literalmente um dia inteiro. A única coisa que sabia, era que não eram nem oito da manhã quando seu celular tocou em uma ligação desesperada.
Tateou-o pela cama e atendeu sem nem ver o contato - estava num estado de meio acordada e meio dormindo.
- Alô? - Perguntou com a voz rouca.
- Sou eu, Hanna. Bryan.
Hanna levanta-se de supetão e todo o seu sono se esvai.
Peter, Peter, Peter.
Não havia esquecido dele em nenhum momento. Após o sonho que teve com seu irmão, tratou de forcar-se no agora e no que havia urgência em ser feito, naquilo que deveria ter sido feito há muito tempo. Apesar disso, não deixou de lembrar-se do garoto, apenas não havia mais espaço em sua consciência para mais um fato que a faria ter mais pensamentos depressivos. Porém, agora que sua ficha caíra, o desespero a tomou novamente.
- Bryan? O que aconteceu!? O Peter está bem?
A morena escuta um suspiro profundo do outro lado.
- Eu, sinceramente, não sei, mas o médico pediu que nos reuníssemos. Isso com certeza não é algo bom.
Em "sinceramente, não sei", Hanna já estava de pé, colocando a mesma roupa que colocara na noite anterior, e em "não é algo bom", a mesma já estava em direção ao quarto da mãe.
- Em quinze minutos eu chego.
- Certo.
Antes que pudesse despedir-se e desligar a ligação correndo, escutou:
- E obrigado.
Hanna freou e sua respiração desregulou-se. Conseguiu responder mesmo assim:
- Também.
Então a ligação foi encerrada.
Não havia um motivo explicito ou óbvio para que eles se agradecessem, porém ambos necessitavam de alguma palavra reconfortante naquele momento.
Hanna sutilmente abriu a porta do quarto da mãe, indo a passos apressados, porém silenciosos até a mesma e agachou ao lado da cama.
- Mãe, eu tenho que ir ao hospital.
Agatha acorda em uma velocidade absurda, sentando-se na cama no mesmo momento.
- Hanna... - sussurra devido ao sono - Quer que eu vá junto?
A mais nova engole a seco e pensa no assunto. Por fim, após alguns segundo infinitos de espera, Hanna decidi:
- Quero. - Aceitou a proposta pois iria fazer aquilo que prometera à ela mesma e à mãe: que quando desabasse, deixaria que aqueles que a ama estivessem ao lado ela e cuidassem dela quando não conseguisse mais sustentar sozinha todo o peso, situação que, sabiamente, acreditava que aconteceria nas próximas horas que passaria.
Agatha olhou-a com surpresa, mas sorriu com o peito estufado em orgulho ao perceber a coragem de sua filha.
Era liberdade demais. O gosto daquele sentimento impregnava e transformava o azedo e mal-acostumado paladar de Hanna.
Agatha trocou-se em menos de dois minutos, colocando uma roupa similar à de Hanna, apenas sendo mais coloridas: a calça era azul escura, o tênis amarelo, o moletom um arco-íris de cores com uma frase motivacional extremamente grande, mas que era a personificação de sua personalidade. Dizia: Eu gosto de gente que sabe ser Sol mesmo quando a vida está nublada. Era clichê, mas Agatha gostava.
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Só Agora Eu Sei ✓
RomanceDuas almas, dois destinos separados pelo tempo e circunstâncias, mas o fio sempre volta a aproximá-los. Duas almas, agora no mesmo destino. Hanna é uma jovem aprisionada pelos traumas e sentimentos do passado que tenta, a todo custo, sufocá-los e se...