35 | JUSTIÇA INJUSTA

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Hanna não sabia como e nem quando capotara em sua cama na noite passada e acabara dormindo. Também não sabia de onde tirava tanto sono, se já havia dormido literalmente um dia inteiro. A única coisa que sabia, era que não eram nem oito da manhã quando seu celular tocou em uma ligação desesperada.

Tateou-o pela cama e atendeu sem nem ver o contato - estava num estado de meio acordada e meio dormindo.

- Alô? - Perguntou com a voz rouca.

- Sou eu, Hanna. Bryan.

Hanna levanta-se de supetão e todo o seu sono se esvai.

Peter, Peter, Peter.

Não havia esquecido dele em nenhum momento. Após o sonho que teve com seu irmão, tratou de forcar-se no agora e no que havia urgência em ser feito, naquilo que deveria ter sido feito há muito tempo. Apesar disso, não deixou de lembrar-se do garoto, apenas não havia mais espaço em sua consciência para mais um fato que a faria ter mais pensamentos depressivos. Porém, agora que sua ficha caíra, o desespero a tomou novamente.

- Bryan? O que aconteceu!? O Peter está bem?

A morena escuta um suspiro profundo do outro lado.

- Eu, sinceramente, não sei, mas o médico pediu que nos reuníssemos. Isso com certeza não é algo bom.

Em "sinceramente, não sei", Hanna já estava de pé, colocando a mesma roupa que colocara na noite anterior, e em "não é algo bom", a mesma já estava em direção ao quarto da mãe.

- Em quinze minutos eu chego.

- Certo.

Antes que pudesse despedir-se e desligar a ligação correndo, escutou:

- E obrigado.

Hanna freou e sua respiração desregulou-se. Conseguiu responder mesmo assim:

- Também.

Então a ligação foi encerrada.

Não havia um motivo explicito ou óbvio para que eles se agradecessem, porém ambos necessitavam de alguma palavra reconfortante naquele momento.

Hanna sutilmente abriu a porta do quarto da mãe, indo a passos apressados, porém silenciosos até a mesma e agachou ao lado da cama.

- Mãe, eu tenho que ir ao hospital.

Agatha acorda em uma velocidade absurda, sentando-se na cama no mesmo momento.

- Hanna... - sussurra devido ao sono - Quer que eu vá junto?

A mais nova engole a seco e pensa no assunto. Por fim, após alguns segundo infinitos de espera, Hanna decidi:

- Quero. - Aceitou a proposta pois iria fazer aquilo que prometera à ela mesma e à mãe: que quando desabasse, deixaria que aqueles que a ama estivessem ao lado ela e cuidassem dela quando não conseguisse mais sustentar sozinha todo o peso, situação que, sabiamente, acreditava que aconteceria nas próximas horas que passaria.

Agatha olhou-a com surpresa, mas sorriu com o peito estufado em orgulho ao perceber a coragem de sua filha.

Era liberdade demais. O gosto daquele sentimento impregnava e transformava o azedo e mal-acostumado paladar de Hanna.

Agatha trocou-se em menos de dois minutos, colocando uma roupa similar à de Hanna, apenas sendo mais coloridas: a calça era azul escura, o tênis amarelo, o moletom um arco-íris de cores com uma frase motivacional extremamente grande, mas que era a personificação de sua personalidade. Dizia: Eu gosto de gente que sabe ser Sol mesmo quando a vida está nublada. Era clichê, mas Agatha gostava.

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