21 | ABISMO

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A chuva ainda caía nas movimentas ruas de Londres.

Dentro de um pequeno estabelecimento, dois jovens, aparentemente comuns, comiam o melhor que lhes era oferecidos: Para a ruiva, um Cornish pasty acompanhado com a típica Coca-Cola. Já para Peter, o famoso Fish and Chips — conhecido, também, como Peixe com Batatas Fritas.

Ambos morriam de prazer a cada mastigada que davam em sua "luxuosa" e "refinada" refeição. Era uma explosão de sabores diferentes trabalhando de forma mútua quando na boca.

— Isso é bom pra caralho... — Peter, sem conseguir medir suas próprias palavras, solta um palavrão.

— Olha... — a ruiva dá mais uma mordida — a boca... — mais uma — Peter!

— Mas não é verdade?

Hanna dá mais um gole em seu refrigerante e balança a cabeça positivamente.

— Preciso concordar.

— Como que um lugar desse ainda não é mundialmente conhecido? — Peter se referia à pequena lanchonete na qual Hanna trabalha e que agora saboreiam as delícias dos Deuses.

— Acontece que essa área não é muito movimentada. Normalmente, os clientes que vem aqui são todos os de sempre, os fiéis, sabe?

— Hum...

— E, bom, tipo, os fast-foods hoje em dia são muito mais rentáveis e acessíveis do que pequenas lanchonetes como essas, entende?

— Você até que entende bem dessas coisas, né?

— Sim, verdade. Trabalho aqui há algum tempo.

Hanna dá mais uma mordida em sua refeição e, logo após, dando mais um gole em sua Coca-Cola, sente-se observada por Peter. Ela sobe o olhar ainda bebendo.

— Está apaixonada por aquele tal de Aaron?

A ruiva engasga-se.

— Q-Que tipo de pergunta é essa? Do nada...

— Ah, sei lá. Deu curiosidade.

— Hum...

Hanna desvia o olhar e volta a comer silenciosamente. Peter, assim como um filhote ingênuo de cachorro, move a cabeça um pouco para o lado, contraindo as sobrancelhas.

Está?

A menor suspira e deixa o talher sobre o prato, encarando o moreno em seguida.

— Eu conheci Aaron quando era bem pequena, éramos vizinhos na época, acho que tínhamos uns sete.

Peter surpreende-se com a inesperada admissão da garota. Realmente, no fundo, no fundo, não esperava uma resposta clara e objetiva. Assim como havia dito, estava, realmente, somente curioso. O pensamento havia surgido do nada.

— E, bom... — Ela dá um gole em sua coca-cola e, sem nenhuma expressão ou emoção em seu rosto, continua: — desde aquele tempo aconteceram algumas coisas comigo...

Ela suspira novamente e vira-se para a janela ao lado da mesa, observando os pingos de chuva caindo sobre ela, assim como havia feito no carro. Colocou sua mão sobre sua bochecha, apoiando-se nela.

— Sim, eu sinto algo por ele.

Peter sentiu seu coração apertar. Mesmo que fosse ele o culpado ao perguntar-lhe sobre seus sentimentos por Aaron, não conseguia evitar de sentir uma enorme solidão preencher-se e isso o assustava. Contudo, continuou firme, sem alterar sua pose ou expressão; impassível.

— Mas não sei se o que sinto é realmente amor. — A ruiva diz num tom mais baixo, mas audível para Peter, que, naquele momento, sentiu seu coração aliviar.

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