30 | PESADELO

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Após torrar todos os seus neurônios em busca de alguma paz mental, Hanna enfim chega em casa, um pouco antes das sete e meia. Ela dá um breve cumprimento à sua mãe, que a olha com confusão ao ver a pressa e ansiedade de sua filha, mas nem teve tempo de opinar ou perguntar algo, pois a ruiva correu pelas escadas e trancou-se no banheiro, tomando um banho rápido e refrescante para tirar o odor de fritura impregnado em seu corpo.

Vestira, após o banho, o mesmo vestido que colocara na casa de Alyce. Acabou que, depois de sair desesperada da casa da amiga aos prantos em preocupação com Peter, Hanna acabou por levar o vestido, e mesmo após ter falado à loira que o devolveria após lavá-lo, ela recusou a oferta, alegando que o vestido ficava bem melhor em Hanna do que nela.

Pegou uma bolsinha branca simples de alça e dispôs sua carteira e seu celular dentro. Desceu as escadas ainda com pressa, olhando no visor do celular e percebendo que estava dez minutos atrasada, pois já era quase oito horas. Desesperou-se um pouco.

Foi em direção à cozinha pegar um copo de água, vendo se assim se acalmava, enquanto via onde ficava o endereço que Peter enviou-lhe, e agradeceu aos céus por ficar apenas quinze minutos andando de sua casa até o local, e por ser um restaurante não muito chique. Agradeceu por isso, também.

— Para onde vai, Hanna?

A ruiva congelou ao ver Agatha parada a poucos metros em frente ao fogão enquanto cozinhava algo. Esquecera totalmente de avisá-la que sairia. Estava tão eufórica sobre o possível encontro com Peter, que tudo ao seu redor parou.

— Ah, eu esqueci de avisar, desculpa, de verdade. Eu vou... sair? É, eu vou sair com o Peter.

A mais velha observou-a com astúcia, como se soubesse exatamente o que sua filha estava pensando e passando por aquele momento. Enfim, sorriu.

— Eu gostei do garoto, e parece que você também...

Hanna avermelhou-se brevemente e Agatha riu alto com a cena. Eram raras as vezes que a mãe via um mínimo deslumbre de qualquer sentimento que não fosse neutralidade e, mais recente, raiva, na filha. Gostava de ver que sua doce e amada Hanna estava voltando a ter cores novamente, e sabia que teria que agradecer a um certo alguém por tal feito.

— Eu...

Agatha não a deixou continuar:

— Apenas vá. Sei que está feliz.

Hanna sorriu timidamente.

— Mas saiba que depois terá de me contar tudo o que aconteceu entre os dois! Sabe que não resisto a um clichê...

Hanna revirou os olhos, mas um sorriso brilhante permanecia em seus lábios.

— Até parece — A ruiva foi em direção a porta. — Tchau, mãe, te amo.

Hanna andava apressadamente pelas ruas de Londres, vendo no mapa de seu celular por onde teria que ir. Aproximadamente depois vinte minutos, chegou a um restaurante local simples, mas com uma decoração muito agradável. Ficava em frente a um pequeno parque, onde pessoas passeavam com seus cachorros e andavam com seus familiares.

Olhou em seu celular e vira que estava apenas sete minutos atrasada, e respirou aliviada. Se Peter visse que ela se atrasara, tiraria sarro dela até a sua morte, e diria o quão hipócrita ela era. Então, sua ficha caiu: Peter veria Hanna, afinal, não era por isso que ela estava lá?

A ruiva voltou a se desesperar, mas respirou fundo e entrou no estabelecimento. As luzes já estavam ligadas, já que já havia anoitecido há algum tempo. O clima do ambiente era agradável e simples. Hanna não se sentia intimidada como nas poucas vezes que jantara com o pai, naqueles restaurantes luxuosos e chiques, onde, no fim, sentia-se como um indefeso rato tosco na toca de leões ricos e exuberantes. Parece que Peter percebera isso, e Hanna sorriu ao notar.

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