27 | SUA VOZ

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Peter arrumava-se tenso no entardecer caloroso de sábado.

Durante a manhã, havia pedido o endereço de Hanna para que fosse buscá-la.

Cada vez mais aquilo parecia um encontro. Peter engolia seco.

Já havia passado praticamente uma hora desde o instante em que trocou de roupa pela primeira vez e, desde aquele momento, somente agora decidira o que vestiria. Não queria passar a impressão de que se arrumou muito, como se estivesse ansioso pelo "encontro" — o que não era mentira. Seu coração estava na boca desde o momento em que a convidou —, ou seja: nada de vestimentas chiques ou glamurosas, afinal, eles ainda iriam a um festival. Ao mesmo tempo, não queria parecer um desleixado ou molambento, indo de havaianas e um boné para trás. Assim entrou em uma crise interna.

— Cara, ainda não acredito que a chamou mesmo para um encontro.

Bryan, desde a ora em que ouviu tal novidade do amigo, estava com a expressão incrédula, zoando o amigo a cada oportunidade, mas, ao mesmo tempo, orgulhando-se da sua coragem. Peter somente reclamava que a culpa era inteiramente de Bryan por ter o recomendado que pesquisasse mais na internet sobre seus sentimentos.

— Está bom?

Hesitante e com suas mãos suando frio, Peter vestira-se com uma calça preta um pouco larga e desajustada — parecia um mano —, uma blusa amarela que, com certeza, era o dobro do tamanho que usava e um boné par trás que o deixava estranhamente estranho.

Bryan segurava-se para não rir.

— Confia. — Ele deu um "joinha" com a mão.

Peter bufa e troca de roupa mais umas cinco vezes.

Mais de meia hora depois, o moreno desiste de tentar um novo estilo e veste-se como sempre se veste: Calça preta, tênis branco nos pés e uma camisa branca com a frase: Michael Jackson está vivo — estava com desconto na loja, Peter comprou assim que viu.

— Tá muito simples, isso aí. E que frase ridícula é essa?

— É moda. Eu acho.

O mais velho fecha quase completamente seus olhos e os abre abruptamente depois de alguns segundos, pegando um moletom vermelho vinho com uma estampa genérica, uma calça cargo preta e um tênis qualquer que achara espalhado.

— Veste. — Ordena.

Peter fez o que foi mandando — ainda que estivesse com receio, pois não confiava muito em Bryan, mas era isso ou a camisa do Michael Jackson.

— Ficou estranhamente bom. — Peter assume embasbacado.

— Pode falar: Eu sou o cara!

Peter revira os olhos.

A roupa ficara realmente simples, sem nenhuma firula, mas combinara exatamente com Peter e o estilo Peter — que é basicamente qualquer roupa que caiba e seja confortável.

— Agora você e a anã combinarão.

— Por quê?

— Bom, o moletom é meio vermelho e o cabelo dela é meio vermelho.

E?

— E não é isso que quer? Combinar com ela? Afinal, que eu saiba é esse tipo de relação que queres com ela. Uma na qual pareçam namorados.

Peter cora das cabeça aos pés e sente a tremenda vontade de xingar o melhor amigo. Mas por que faria isso se ele estava mais do que certo?

— Vai à merda, retardado. — O moreno, a passos duros e apressados, vai em direção a porta do quarto e a abre, sendo seguido pelo amigo, que ria.

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