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Sobre este livro

Começo a arrepender-me deste livro,
como disse Machado de Assis
sobre Memórias Póstumas de Brás Cubas,
e creio que você também começará
logo em breve.

Faço minhas as palavras do referido autor
ao afirmar que este é um livro
enfadonho, que não só cheira a sepulcro,
mas também aparenta ter saído
diretamente de um, e traz consigo uma escrita dirigida por mãos
mortificadas que há muito já passaram
da contração cadavérica.

E nada disso
chega perto do real
e maior
defeito deste livro que é
você, caro leitor.

Você procura por
respostas e uma felicidade que
dure mais de um capítulo,
mas este livro está cheio de interrogações
e do começo ao fim não
deixa resquícios de
esperança.

Você lê poesia
porque nenhum outro gênero
o compreende tão bem,
mas este livro não compreende nem
a si mesmo, de modo que não
fui capaz de o titular
com outro título que não
intitulável.

E, o mais
fatal de todos:
Você mente, o tempo inteiro e
desnecessariamente,
no íntimo e do lado de fora, numa mania compulsiva de tentar ser feliz mesmo sabendo que não é.

Mas sobre este livro
não há mentiras nem escrúpulos,
e a verdade não sente
nenhum pudor em se mostrar tão
nua & crua.

Deixo-o sob aviso que
o que lerá a seguir não vem
acompanhado de um
vocabulário rebuscado como o
da figura literária a qual fiz menção
anteriormente e que só
tentei reproduzir para prender
aqui a sua atenção,
se é que obtive
êxito.

Também verá
buracos na minha falta de
experiência e erros amadores, além de
uma linha de
pensamento totalmente
desorganizada e
entediante.

Não prometo
nada de revolucionário nem
envolvente, pois
não irei atingir metade de
suas expectativas.

E se escancarar
a feiúra que carregamos por
dentro te enoja
assim como a honestidade te assusta
mais do que viver
uma mentira,
então aconselho que
não vire a página.

No entanto,
se você leu está longa
e chata introdução até agora
e ainda assim acha
que não tem nada mais relevante
para fazer do que
desperdiçar seu tempo com
versos maçantes de
um alguém qualquer sem
qualquer vocação
para ser poeta,
então eu te convido a
julgar este livro pela capa e
a admitir que não
conhece a si mesmo
tanto quanto eu
não conheço a mim,
e que talvez
isso seja exatamente o que
precisamos para
conhecer o universo,
como talvez
concordaria
Sócrates.

intitulávelOnde histórias criam vida. Descubra agora