ouço histórias
de aventuras & risos roubados
de situações que só
tiveram graça
muitos anos depoisescuto de tios & velhos amigos
histórias de juventudes
eternizadas
memórias marcadas
pela idade precoce de pessoas
que erraram e
aprenderam mas nunca
se arrependerão da
época em que eram livres
e sequer sabiamentão paro e penso:
o que terei para contar de mim
quando ainda era
adolescente?como contarei aos
meus filhos ou aos meus
sobrinhos e netos
sobre a forma como desperdicei
todas e cada uma das
minhas chances de viver
coisas emocionantes e inesquecíveis
porque meu corpo e minha
mente jamais foram
um só sistema para que eu
pudesse ser o que sou
no atual presentede que maneira
explicarei que fiquei presa em
minha própria ânsia por
maturidade e acabei sedenta de
juventude bem no auge de
sua flor desabrocharque passei dias
me levando ao limite e agindo
como se não houvesse
desejo nem necessidade de
cantar ao universoque passei noites
em claro criando paranóias
e perdi todos os
meus sonhos ao ventode que jeito digo
que pulei as fases mais queridas
para alcançar o fim depois
delas como se fosse
encontrar algo além da linha
de chegada e nada maiscom que semblante
confessarei que já morri
há tempos
e vegetei olhando todos os
outros atingirem
o ápice de suas vidas
sem nunca viver
a minha
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intitulável
PoetryA coragem de admitir não saber titular a própria história, e a ousadia de se declarar intitulável.