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eu queria escrever,
eu queria
saber escrever.

eu queria
que dos meus lábios
saíssem blasfêmias e se
ouvisse prosa,
que dos meus olhos
despencassem
rimas de
orvalho.

eu queria
que minha poesia
rompesse o peito com
a mesma graça que
uma bala é
disparada do revólver,
com a mesma
delicadeza de um tapa
desferido na outra
face oferecida.

eu queria
que meus poemas
fossem recitados
aos quatro ventos do mundo,
nas praças públicas e
nos bares vazios,
recitados por artistas de rua
e atores amadores.
eu queria
ouvi-los vaiar antes
do primeiro verso e saírem
aos gritos que
expulsam.

eu queria
que minha escrita
aos olhos
dos mestres fosse
errônea,
e aos dos leigos
fosse
estúpida.

eu queria
que minha expressão
fosse recriminada
e banida em cinco partes
distintas do
planeta.

eu queria
que os críticos julgassem
meus escritos como
um insulto
á todos os poetas
existentes e que fazem
revirar no túmulo
todos aqueles que já não
mais existem.

eu queria
que me odiassem,
odiassem a mim e a
minha escrita.
porque assim eu
saberia que
venci na vida,
saberia que
escrevo,
saberia que sei
escrever.

- aos artistas não reconhecidos

intitulávelOnde histórias criam vida. Descubra agora