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a primeira vez que me permiti
chorar sem contenção
sem necessidade de abafamento
foi quando ouvi os soluços de uma criança
que tremia e sangrava há tantos
anos dentro de um corpo que
foi obrigado a crescer sem esperar por ela
presa a uma fachada de maturidade
avançada demais para a sua idade
as mãos maltratadas de carregar fardos
maiores do que si mesma
os olhos inchados de noites veladas
a um travesseiro molhado
a criança desgarrada
que não recebeu colo nem leite
e que agora me implora por
libertação

intitulávelOnde histórias criam vida. Descubra agora