se alguém me perguntar sobre você
não saberei por onde começar
porque não sei bem como tudo começou
de que modo o que era
lindo se tornou nocivo
ou porquê permiti que você se aproximasse
cada vez mais mesmo com uma
pulga atrás da orelha
que era meu sexto sentido mas
achei que fosse besteira
qual foi a força gravitacional que me empurrou para a armadilha
do seu abraço serpentil
ou que bondade imerecida se
apossou de mim para que eu perdoasse
não sete nem setenta e sete
mas incontáveis vezes os seus erros
e defeitos como se minha
vontade tivesse se tornado divina
como se você alguma vez
tivesse se arrependido
me pergunto quando foi que a sua
dor cresceu dentro de mim
a tal ponto que eu só me doía por você
como se a minha dor não
tivesse espaço para ser válida
me pergunto quando foi que eu passei
a achar que precisava de você para
andar e respirar e viver
o que fazia da sua aprovação a
a verdade do mundo enquanto uma
crítica sua me tirava tudopor que seu tratamento de silêncio
me fazia bradar do avesso
por que seu carinho era bruto e
cheio de pressão mas eu ainda deitava
a cabeça para o cafuné
me diz o porquê de tudo isso
porque não consigo responder a
nada disso e começo a achar
que é tudo projétil da minha mente
então eu imploro para que
me responda de que jeito te
coloquei acima das opiniões negativas
da minha família e dos meus
amigos e da minha própria mesmo
sabendo que eles estavam certos
me diz sob qual feitiço eu
estava quando passei a aguentar
crises e noites sem dormir em seu nome
por que te fiz bandeira em minha
alma e a saudei com mão no peito
por que eu me entreguei em
acusação quando era o meu sangue
a escorrer das suas mãos
e se isso não beira a completa
insanidade e o destrato
então por que eu ainda insistia
em chamar de amor
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intitulável
PoesiaA coragem de admitir não saber titular a própria história, e a ousadia de se declarar intitulável.