não tenho coragem de
mandar meus demônios embora
não me parece justo expulsar
quem me acolheu
quando nem eu me quis
eles me criaram
e eu os criei
não são meus melhores amigos
mas para quem não tem nenhum
qualquer um é melhor
que nenhum
eles são o meu lugar
um lugar que não é bom mas
que é familiar e se é
familiar então
é previsível
eu não preciso me curar
eu só preciso ser machucada
pelas mesmas mãos
portando as mesma armas
de novo & de novo
porque uma
dor costumeira é melhor
do que uma
dor difusa
ao menos pulo o espanto
da primeira vez
ao menos sei o que
vem e não sofro
por antecipação o golpe
que pode ou
não me
acertar- medo de tentar
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intitulável
PoetryA coragem de admitir não saber titular a própria história, e a ousadia de se declarar intitulável.