Prólogo

6.3K 861 570
                                    

Foi difícil levar o ar até os pulmões, queimam como gelo ardente, saindo tão quente quanto o deserto sob o sol. Isso deveria ser a tão calma respiração do menino minutos atrás.

Trapos em seu corpo e sujo de terra, havia em suas mãos trêmulas um miserável pedaço de pão, do qual roubou de um comerciante desatento, mas com seu azar foi pego no flagra pelos guardas que andavam pela redondeza. Agora, sendo perseguindo pelos intimidades guardas da nova província que embarcou a pouco tempo, a tão grandiosa, majestosa e poderosa Thurfales.

Foi empurrado no chão com força, ao ter esbarrado com algum aldeão, não teve tempo de se levantar antes que a espada estivesse sendo pressionada em seu pescoço

- Maldito! - exclamou um dos guardas, o pegando grosseiramente pelos cabelos - Seu ladrãozinho nojento, achou que iria se safar depois de ter roubado o comerciante?

A criança se debatida com muito fervor para tirar as mãos ásperas do guarda de si

- Temos como lei que qualquer item roubado de nosso reino e de toda Thurfales é inadmissível, deste modo, iremos executá-lo! - Forçou mais a espada no pescoço frágil do garoto, arrancando um grito pelo sufocamento. Estava com tanto medo que sentia o líquido quente manchar as calças surradas

O guarda com a espada soltou um riso soprado pelos lábios asqueroso, balançando a cabeça negativamente

- Patético, como uma garotinha, morrendo de medo, ao ponto de passar tamanha vergonha. Tcs, nojento - O guarda ao lado soltou o cabelo do jovem, rindo alto, chamando mais a atenção de alguns camponeses que ali passavam, no entanto, paravam para assistir com curiosidade a cena que se desenvolvia.

O menino aparentava segurar o choro, mas todo seu corpo tremia, como um filhote assustado. Tentou fechar os olhos ao ver a espada na mão do guarda alcançar o ar acima da cabeça, pronto para decepar sua cabeça

Antes que a espada atravessasse seu pescoço, uma mulher se colocou na frente, fazendo uma barreira com os braços.

- O que pensam que estão fazendo? É só uma criança! - Soltou apressadamente, olhando com raiva para os guardas que não a pouparam do mesmo olhar ácido

- Não toleramos ladrões em Thurfales, seja lá de onde esse bárbaro veio, é a lei. Agora, saía da frente serva! - Levantou a espada novamente com mais força no punho que segurava a base

- Não se atreva! - A voz da mulher era branda e firme, fazendo o guarda recuar um pouco - Quer que isso vire um escândalo? Imagine como a imagem do reino vai ficar ao saberem que executaram uma pobre criança faminta! - Respirou fundo recuperando o fôlego - O rei não vai ficar nada contente com isso.

Os dois guardas se olharam, analisando a situação, e como estivessem se comunicando silenciosamente, deram por vencido abaixando a espada e recuando um pouco.

- Pois bem, beta - Falou cuspindo, como se a classe dela fosse contagiosa - Então dê o seu jeito, porque se eu encontrar esse marginal novamente, não hesitarei em lhe arrancar a vida - Continuou encarando a serva tentando parecer intimidante, até sair andando como se nada houvesse acontecido. A mulher soltou o ar que segurava nos pulmões, aliviada.

Olhou para trás verificando o menino parado, quando este percebeu que estava sendo observado pela serva que o salvou, se ergueu brutalmente, pronto para correr novamente. Porém, foi agarrado pelo braço.

Se debateu e até tentou atacar a serva com seus pequenos punhos que não fazem nem cócegas.

- Solta! - O menino não desistia, dava até um certo aperto no coração da serva vendo o jovem lutar bravamente pela sobrevivência

ThurfalesOnde histórias criam vida. Descubra agora