Capítulo 24

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Havia algo profano nos passos pesados e confiantes de Taehyung. Era frequente as pessoas ignorarem as presenças simples dentro do castelo, aqueles que não se destacavam além das muralhas e torres, pois apenas a soberania do rei era digna de admiração ao ponto de todos estremecerem. Contudo, durante o percurso em direção à sala do trono, as pessoas ao redor se afastaram para permitir a passagem do ômega, imóveis diante da aura única que emanava dele.

As portas da sala do trono já não pareciam tão grandiosas assim aos olhos determinados do ômega, os punhos cerrados e um andar hostil. A verdade veio à tona e seus elementos inflamaram a chama da fúria e da justiça. Taehyung foi tirado à força de sua terra, humilhado e sentenciado a viver uma vida de mentiras e ilusões. A origem de todos os problemas remonta ao pai do atual rei, cujos motivos permanecem um mistério, tudo por poder e pura maldade.

Agora, o rumo dos acontecimentos está sob seu controle e tudo está condicionado às suas decisões, quanto mais refletia a respeito, compreendia que sua relevância nessa trama é indispensável para a salvação de várias vidas, evitando um futuro trágico. Eles não precisavam só da pedra, mas também do herdeiro para ativá-la. Os guardas nem questionaram sua presença, apenas abriram as portas obedientemente para a passagem do ômega.

Ao adentrar o local sagrado, deparou-se com uma multidão incontável de indivíduos que se aglomeravam ao redor do prisioneiro, ansiosos por presenciar a execução mais aguardada de todo o reino, repletos de rancor, eles incitavam seus emblemas como um sinal de honra, vociferando por justiça e enaltecendo a morte de um ser.

Taehyung cerrou os olhos com aversão, enquanto a desgraça se alastrava rapidamente e a verdadeira justiça era negligenciada. Então ele viu, testemunhou seu irmão, prostrado no chão, a cabeça abaixada e uma expressão de completa derrota, as mãos algemadas e uma corrente em torno de seu pescoço, como se fosse um animal selvagem. Isso provocou uma revolta avassaladora no interior do ômega, que ansiava apenas por rosnar em fúria.

Enquanto segurava a corrente com firmeza, Euwoon mantinha o lobisomem sob controle, parecendo estar fazendo um discurso sério. No entanto, Taehyung não conseguia ouvir suas palavras devido ao tumulto ao seu redor. Ele teve que se aproximar cuidadosamente, abrindo caminho entre a multidão e pedindo gentilmente para que lhe dessem espaço para ver a cena de perto.

— É inegável que essa criatura não pode transitar sem restrições entre os habitantes, pois já temos conhecimento dos estragos causados em nossa grandiosa Thurfales. — Ele recitava com uma determinação inquebrável, mantendo a cabeça erguida e um olhar intenso. A multidão ao seu redor vibrava em sintonia com cada palavra que saía de sua boca. Taehyung fechou a expressão, sua raiva crescendo com o que via acontecer diante de seus olhos. — Que tipo de líder é esse que se recusa a falar, em vez de proteger seu próprio povo, e prefere permanecer em um silêncio perpétuo, evitando qualquer negociação com a realeza e fugindo covardemente da prisão, o único lugar onde ele deveria estar. — Mais gritos de concordância.

Taehyung sacudiu a cabeça, revoltado, notando instantaneamente sombras que se moviam velozmente pelas longas janelas da sala, ele gravou os rostos de Siwoo e Junseo, ambos com o capuz preto da capa, cobrindo todo o corpo, camuflados na multidão, os olhares deles indicavam que em breve ocorreriam grandes catástrofes. Taehyung sentiu sua espinha gelar, arregalando os olhos e procurando seu alfa como proteção instantânea.

Esse que não foi difícil encontrar, o manto real de Jungkook é impressionante, feito de veludo vermelho e com um peso considerável, que caía sobre seus ombros e se estendia até o chão, espalhando-se pelas escadas. O emblema da monarquia, com sua coroa de pedras vermelhas extremamente chamativa, estava em evidência. Ao mesmo tempo, ele se assemelhava a um guerreiro de elite, com um brasão reluzente em seu peito esquerdo e várias medalhas que exibiam suas glórias nos campos de batalha, todas elas cuidadosamente costuradas à mão para a mais alta realeza, o linho e algodão encontrados nos lugares mais raros e escondidos do mundo, com seus dedos adornados de anéis de diamante e ouro. Contudo, o que realmente aqueceu o coração do ômega foi perceber que o alfa ainda usava os braceletes que foi dado de presente, demonstrando o quanto ele valoriza aquela peça em particular.

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