Capítulo 7

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Se passaram horas. E a madrugada permanecia lenta.

Taehyung estava sentado de frente para a cama, as mãos cruzadas e um olhar preocupado na direção da amiga. Esperou a menina parar de chorar e conversar corretamente consigo. Desacatou a ordem do rei de não andar pelo castelo e foi pegar um copo d'água para Rosé na cozinha, e neste momento esperava pacientemente ela parar de soluçar gradualmente. A tranquilidade era por fora, mas o servo surtava por dentro, não sabendo o que fazer.

Em sua cabeça se repetia constantemente as palavras "matei" e "Kang", conhecia sua amiga a anos, e sabia que ela não faria um assassinato sem algum motivo aparente. Abrangendo consciência disso, o ômega se obrigou a ter paciência e esperar o momento que a pobre garota desolada se abriria consigo.

Taehyung estava com uma postura potente e quase inabalável para mostrar segurança, imitando a cópia perfeita de um alfa, talvez estivesse passando tempo demais com Jungkook. Mas seu olhar agoniado entregava seu desespero, precisava ajudar Rosé.

— O que aconteceu? — Perguntou finalmente, sua voz saiu falhada e fraca. A ômega não chorava tanto quanto antes, mas os soluços persistiam sair sem permissão. As mãos pálidas que segurava um copo de madeira tremiam, suando frio. Taehyung se alarmou, pensou que ela desmaiaria a qualquer momento.

— E-eu… — Ela não conseguia falar. Kim apertou alguns dedos da mão, nervoso.

— Eu suplico, Rosé. Por tudo que seja mais sagrado, eu preciso saber o que aconteceu. — Taehyung não queria forçar a garota a falar tão rapidamente depois de um possível momento difícil. Mas não se tinha opção quando a qualquer momento ela poderia ser morta pelo erro cometido.

Observou ansiosamente ela levar o copo até a boca, pequenas doses de água, para estabilizar definitivamente sua voz. Mesmo com a voz embargada ela se forçou a contar toda a história.

— Uma serva real me orientou para uma quantidade de afazeres maior do que eu estava acostumada, por isso estive desaparecida por esse longo tempo. Eu estava ansiosa para terminar tudo rapidamente, Jimin disse querer me encontrar, fiquei muito animada e não me preocupei com nada a não ser finalizar a lista de afazeres… — Respirou fundo antes de continuar. — Minha última atividade era limpar o estábulo. Fiquei tão aliviada e não percebi estar sendo observada durante esse tempo, só fui me dar conta que tinha alguém me seguindo quando já estava dentro naquela porcaria de estábulo! — Não aguentou e chorou, contudo dessa vez, de raiva. — Eu não tinha para onde fugir, não tinha!

— Rosé… ele tocou em você? — Taehyung sentiu seu peito arder. A menina sorriu com desprezo, tentando limpar as lágrimas.

— Ele trancou as portas do estábulo, com um sorriso nojento e começou a tirar as armaduras, uma por uma, fazendo questão de olhar meu desespero para sair do local… Ele era muito forte, e não consegui fugir quando ele começou a levantar meu vestido…

— Não… — A enorme agonia lhe corroeu o corpo, seu psicológico não estava preparado. Não conseguiu proteger ninguém que ama. Nunca se sentiu tão inútil na vida.

— Não tinha nada para me defender naquele local, a não ser palha. Por sorte encontrei um pedaço de vidro de uma garrafa quebrada. Eu senti tanto ódio e como autoproteção empurrei o caco de vidro fundo na lateral de seu pescoço. Isso foi tudo. — Mesmo com medo, ela não parecia ter nenhum remorso do que fez. Taehyung faria a mesma coisa no lugar dela, se não pior.

— Ele… ele chegou a te desonrar? — Gaguejou para dizer, Rosé ficou em silêncio por alguns segundos, antes de desabar com muita dor no coração. Isso foi uma confirmação.

Taehyung sentiu suas próprias lágrimas, uma grande injustiça aconteceu. Teve que prender a dor no fundo de seu coração, a única coisa que tinha de fazer no momento era consolar a ômega.

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