Capítulo 4

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Os pés cansados trabalhavam duramente e incessantemente para se moverem, uma pontada de dor percorreu flamejante no corpo machucado e mal descansado. Taehyung segurou fortemente a camisa de linho desgastado contra um sangramento na barriga, precisava urgentemente se manter firme, seu coração não colaborava, o medo se fez presente quando escutou gritos e correrias vindo da cidade. Os guardas pareciam perdidos, ajudando quem podia, afinal, não conseguiam avistar os atacantes.

O ômega não conseguia andar quando chegou na cidade, os camponeses chutavam areia na hora de correr, e fumaças do fogo expeliam para todos os cantos a fim de valejar pelo ar sem rumo. A situação era precária, todos lutavam pela vida ardentemente, flechas eram lançadas para todos os lados, o som que ela fazia ao cortar o vento rapidamente arrepiava todo corpo de Taehyung. Algumas pessoas eram pisoteadas no caminho, as mulheres tinham seus vestidos rasgados quando pisavam em cima.

Tinha muitos corvos sobrevoando por cima da cidade. Gritos agudos de morte, e as explosões que flechas anormais de fogo faziam, explodindo barris e casas de palha. Taehyung cobriu os ouvidos sensíveis com o som alto.

- Chae Won?! Bora?! - Correu pelo local, olhando atento para todos os lados. Os camponeses esbarravam em seu ombro ferido, mas não conseguia se importar, sua única preocupação era encontrar Chae Won e Bora. Também não avistava os culpados do acontecimento, percebia as flechas sendo lançadas e vultos tão rápidos que era impossível de acompanhar.

Foi em um desses empurrões que Taehyung teve de se apoiar no próprio joelho ao chão, levando o ar até os pulmões, olhou para cima, onde conseguiu contemplar a presença mais chocante para si. Arregalou os olhos, viu um homem encapuzado em cima de uma corda que ia de uma casa a outra, em suas mãos cobertas por luvas havia um lindo e enorme arco e flecha, Taehyung nunca tinha contemplado um armamento tão lindo quanto aquele.

O ser olhou para si, e o ômega visualizou com temor os olhos selvagens quase beirando a um forte cinza claro, o homem virou a cabeça levemente para o lado esquerdo, observando por poucos segundos o ômega, eles pararam em um paradoxo, um transe tenso, tudo a sua volta ficou lento. O desconhecido por fim, levantou o arco em sua direção e Taehyung teve que sair de seu transe para se jogar contra uma parede de tijolo, a ponta da flecha pegou de raspão em seu braço, prendeu um som agudo no fim de sua garganta. Correu para a outra extremidade daquela rua, e teve que raciocinar, caso contrário morreria ali mesmo.

Não tinha tempo de pensar, mas tinha certeza, aquilo não parecia muito humano, tinha uma presença animal e selvagem naquele homem. E de certo modo, parecia tê-lo poupado a vida, com uma rapidez daquela, conseguiria acertar uma flecha em Taehyung facilmente, mas preferiu deixá-lo ir, por algum motivo.

- Bora! Sra. Chae?! - Onde vocês estão? Taehyung teve vontade de chorar, nunca tinha passado por uma situação tão horripilante como naquele momento.

- Kim?! - Taehyung olhou para frente, onde um senhor vinha correndo em sua direção, reconheceu então o Sr. Choi, o homem que brigou consigo por derrubar as caixas de madeira uns dias atrás - O que faz aqui, menino?! volte já, está muito perigoso. - Tentou o puxar pelo braço, mas Taehyung firmou o pé no chão

- Sr. Choi! Onde está Chae Won, preciso encontrá-la! Não voltarei sem ela!

Choi olhou no fundo dos olhos de Taehyung com pena, viu o desespero e o medo do ômega. Hesitou, antes de proferir as seguintes palavras com muito pesar...

- Eu sinto muito... Eu não pude fazer nada antes que acontecesse. - Kim encarou o homem, desacreditado, não queria entender o que aquela frase significava. Só podia ser um engano.

- Você... - Não conseguiu completar a frase, os olhos passaram a lacrimejar

- Elas estavam dentro de um estabelecimento de curandeiro antes do ataque acontecer, eu estava lá... Flechas de fogos foram atiradas ao teto de madeira...

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