Capítulo 19: Discipulado

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Depois de um tempo todos foram embora, as criadas ficaram responsáveis por arrumar tudo novamente e eu e Joaquim colocamos novamente os móveis em seus devidos lugares. Tudo estava novamente como se a festa nunca houvesse ocorrido, e toda aquela noite magnífica agora era apenas parte de nossas memórias, e das marcas em nossos sentimentos.

- Sophia - Gilbert me chamou, descendo as escadas - não vai abrir os presentes da caixa? - indagou.

- Oh, sim! - recordei-me. Os convidados que chegavam me davam presentes, que eu depositava em uma caixa especialmente para isso, para abrir depois. Me levantei do sofá, peguei a caixa e trouxe para perto de mim.

Haviam muitos presentes, trazidos por conhecidos e desconhecidos. Entre os presentes ganhei jóias e acessórios de cabelo, houveram pessoas que me deram chapéus, mas o presente que mais aqueceu meu coração foi, de longe, aquele que vinha num pacote pequeno, com um bilhete escrito "do reverendo Freitas, para a bela dama".

Eu abri o presente e vi uma pequena caixa. Tirei e descobri um colar prateado, com um pingente escrito "Sophia", e sobre o "o", havia uma pequena coroa embutida.

Meu coração acelerou. Arthur havia tido o cuidado de preparar um presente exclusivo para mim. E eu não sabia reagir de outra forma senão com um sorriso totalmente aberto.

Eu não tinha mais dúvidas. Estava apaixonada por alguém que apesar de humano, era inacessível. Eu, uma garota que acabou de começar na fé e ainda tem muito o que aprender... eu não tenho nada a oferecer para um homem como Arthur, e longe de mim atrapalhá-lo por conta dos meus sentimentos.

Eu não estou pronta pois ainda preciso crescer, me focar em aprender sobre Cristo e viver em sua obra. Espero que ele seja feliz, seja com quem for.

Eu guardei o colar de volta na caixinha e subi as escadas para o meu quarto. Estava na hora de falar com Deus, orar por mim, buscar em seus braços de amor o consolo pelos meus sentimentos, e orar para que o todo poderoso fizesse Arthur feliz.

A manhã seguinte chegou. Eu, Gilbert, Vivian, Bianca e Joaquim acordamos cedo para ir à Escola Bíblica, onde eu, Vivian e Bianca fomos para a classe das mulheres. Tivemos grandes aprendizados estudando o livro de Mateus, as escrituras falaram de forma profunda comigo desde a oração inicial. A líder do estudo se chamava Tayala Garcia, era uma mulher de cabelos castanhos encaracolados e lindos olhos cor de mel. Impulsionada de grande coragem eu saí do lado de Bianca e eu fui até ela. Eu precisava tirar dúvidas.

- Sra. Garcia.. eu... me converti há alguns dias. - Confessei, apesar do embaraço. - E... o sr. Freitas me falou que eu precisava ser discipulada por alguém.

Tayala sorriu de forma gentil.

- Ah, então foi você a alma que o Arthur me avisou que viria. - Ela sorriu, tinha uma voz altiva e confiante. - Eu estava na sua festa ontem, ele me avisou que eu teria mais uma alma para cuidar na classe das mulheres. Só não imaginei que seria justo você, senhorita dos olhos diferentes. - Ela sorriu satisfeita.

Eu assenti, com um sorriso mínimo. Por algum motivo eu não estava incomodada por meus olhos terem sido alvos de comentários, eu me sentia bem recebida por esta mulher.

- E então... quem vai me discipular? - indaguei, um tanto ansiosa.

Tayala olhou para a esquerda, e então chamou:

-- Verônica! Vem aqui! - ela chamou. Uma jovem magra e pálida, de cabelo preto, curto e cacheado, portadora de olhos negros profundos e algumas olheiras, se aproximou de nós, e eu achei estranho o fato dela não formar contato visual. Também me surpreendi pelo fato de ela ser mais alta que eu com meus 1,72 de altura. Ela devia ter pelo menos 1,77. - Verônica, você concluiu o seu último discipulado, certo?

Resplandecer [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora