Capítulo 26: Eu orei por ti

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Eu enfim estava em casa após mais um dia cuidando da Fundação Jane Vicente. O orfanato que eu havia fundado com a ajuda financeira de Arthur e todo apoio de Gilbert estava vingando e era isso que mais importava.

O orfanato fica em uma cidade vizinha, um pouco maior que a nossa. Todas as burocracias foram resolvidas e logo estávamos recebendo várias crianças que precisavam ser transferidas de orfanatos por causa de superlotação, e também trazíamos crianças que víamos nas ruas. No fim, com o dinheiro do xadrez, de Gilbert, e todo o apoio de pessoas voluntárias nessa obra, conseguimos criar um ótimo lugar.

A Fundação Jane Vicente é um lugar grande, com várias pessoas que cuidam das crianças no dia a dia. As crianças frequentam uma escola, são bem tratadas, têm direito a lazer, disciplina, e são ensinadas biblicamente, sem discriminação e com atenção às mais necessitadas. No fim, eu me sinto feliz em proporcionar a essas crianças uma vida digna depois de tudo que já lhes foi negado. Tábita e Gustavo, que havia voltado do campo missionário, eram voluntários com frequência lá, para cuidar, entreter e ensinar as crianças.

Por mais que sejam bem cansativos os dias em que vou para a fundação ver como estão as coisas, brinco com as crianças e resolvo burocracias, esses dias me fazem ver tudo que Deus me deu, e o quanto ele tem me permitido dar aos outros.

Nesses últimos quatro anos, a vida mudou muito. Eu me tornei ativa na igreja compondo músicas para o louvor, meus velhos poemas se tornaram hinos a Deus. De discípula da Verônica, me tornei discipuladora de outras mulheres que chegaram na cidade, pois quando uma indústria têxtil foi fundada onde anteriormente ficava a Casa de Lições, muitas famílias se mudaram para cá.

E agora, após mais um meio dia exaustivo, o fraco Sol dos dias nublados passava por minha janela aberta e atingia a folha sobre a qual escrevia. Era mais um poema. Pois naquele dia, em específico, eu estava tentada a sentir.

Sei que me trará

Sei que Jesus me trará

Aquele que por anos

Insisto em esperar

Sei que não me deixará.

Sei que está a me esperar

E para a glória de meu Pai

Sei que iremos nos casar.

Serei sua mulher

De Provérbios 31

E tu o homem

Que não trocarei por nenhum.

Sempre te amarei

Abaixo apenas de Deus

Sempre te honrarei

O Espírito nos uniu.

- O que está escrevendo, Sophia? - Bianca perguntou, surgindo logo atrás de mim.

Eu pulei na cadeira com o susto. Bianca pegou a folha sem a minha permissão e começou a andar pelo meu quarto, fui atrás dela insistindo que me devolvesse, porém ela desviava de mim e continuava a ler meu poema, me matando de vergonha.

- Esse poema é lindo, Sophia. - Bianca falou, me devolvendo a folha recém-escrita. - Arthur certamente amaria ele.

Eu suspirei. Qualquer um que minimamente me conhece sabe que esse poema é para Arthur.

- Já se passaram quatro anos. - Suspirei. - Sinto tanta saudade dele Bianca... tanta que meu peito dói quando penso.

Nestes quatro anos, eu recebi diversas propostas de casamento. Pais de rapazes da cidade e também de fora da cidade vieram com seus filhos propôr para Gilbert um casamento comigo ou com Bianca, porém ambas seguíamos solteiras por dois motivos: Bianca estava esperando em Deus pelo seu grande amor, e eu estava esperando por Arthur, de acordo com a promessa que fizemos. Eu desejo me casar com ele e isso só poderá ser evitado se Deus se opôr, ou se ele não me quiser.

Resplandecer [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora