Eu enfim estava em casa após mais um dia cuidando da Fundação Jane Vicente. O orfanato que eu havia fundado com a ajuda financeira de Arthur e todo apoio de Gilbert estava vingando e era isso que mais importava.
O orfanato fica em uma cidade vizinha, um pouco maior que a nossa. Todas as burocracias foram resolvidas e logo estávamos recebendo várias crianças que precisavam ser transferidas de orfanatos por causa de superlotação, e também trazíamos crianças que víamos nas ruas. No fim, com o dinheiro do xadrez, de Gilbert, e todo o apoio de pessoas voluntárias nessa obra, conseguimos criar um ótimo lugar.
A Fundação Jane Vicente é um lugar grande, com várias pessoas que cuidam das crianças no dia a dia. As crianças frequentam uma escola, são bem tratadas, têm direito a lazer, disciplina, e são ensinadas biblicamente, sem discriminação e com atenção às mais necessitadas. No fim, eu me sinto feliz em proporcionar a essas crianças uma vida digna depois de tudo que já lhes foi negado. Tábita e Gustavo, que havia voltado do campo missionário, eram voluntários com frequência lá, para cuidar, entreter e ensinar as crianças.
Por mais que sejam bem cansativos os dias em que vou para a fundação ver como estão as coisas, brinco com as crianças e resolvo burocracias, esses dias me fazem ver tudo que Deus me deu, e o quanto ele tem me permitido dar aos outros.
Nesses últimos quatro anos, a vida mudou muito. Eu me tornei ativa na igreja compondo músicas para o louvor, meus velhos poemas se tornaram hinos a Deus. De discípula da Verônica, me tornei discipuladora de outras mulheres que chegaram na cidade, pois quando uma indústria têxtil foi fundada onde anteriormente ficava a Casa de Lições, muitas famílias se mudaram para cá.
E agora, após mais um meio dia exaustivo, o fraco Sol dos dias nublados passava por minha janela aberta e atingia a folha sobre a qual escrevia. Era mais um poema. Pois naquele dia, em específico, eu estava tentada a sentir.
Sei que me trará
Sei que Jesus me trará
Aquele que por anos
Insisto em esperar
Sei que não me deixará.
Sei que está a me esperar
E para a glória de meu Pai
Sei que iremos nos casar.
Serei sua mulher
De Provérbios 31
E tu o homem
Que não trocarei por nenhum.
Sempre te amarei
Abaixo apenas de Deus
Sempre te honrarei
O Espírito nos uniu.
- O que está escrevendo, Sophia? - Bianca perguntou, surgindo logo atrás de mim.
Eu pulei na cadeira com o susto. Bianca pegou a folha sem a minha permissão e começou a andar pelo meu quarto, fui atrás dela insistindo que me devolvesse, porém ela desviava de mim e continuava a ler meu poema, me matando de vergonha.
- Esse poema é lindo, Sophia. - Bianca falou, me devolvendo a folha recém-escrita. - Arthur certamente amaria ele.
Eu suspirei. Qualquer um que minimamente me conhece sabe que esse poema é para Arthur.
- Já se passaram quatro anos. - Suspirei. - Sinto tanta saudade dele Bianca... tanta que meu peito dói quando penso.
Nestes quatro anos, eu recebi diversas propostas de casamento. Pais de rapazes da cidade e também de fora da cidade vieram com seus filhos propôr para Gilbert um casamento comigo ou com Bianca, porém ambas seguíamos solteiras por dois motivos: Bianca estava esperando em Deus pelo seu grande amor, e eu estava esperando por Arthur, de acordo com a promessa que fizemos. Eu desejo me casar com ele e isso só poderá ser evitado se Deus se opôr, ou se ele não me quiser.
![](https://img.wattpad.com/cover/305705324-288-k273420.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Resplandecer [COMPLETO]
Roman d'amour[REPOSTADO] Dedico essa história a todos aqueles que já foram marginalizados. Por ser órfã, introvertida e ter olhos de cores diferentes, Sophia Corabelle sempre comeu o pão que o diabo amassou, sofrendo violência física e psicológica de todos à sua...