Capítulo 27: Cautela

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- Ai! - eu grunhi, quando tia Vivian sem querer me espetou com alfinete enquanto ajustava o meu vestido.

- Desculpe Sophia, tomarei mais cuidado. - Ela se desculpou, e eu assenti.

Lá estava eu, no meu quarto, tendo meu vestido ajustado ao meu corpo. Uma renda cobria de desenhos a parte acima de meu busto e meus ombros até o meu pescoço, um cinto prateado com uma flor desenhada marcava a cintura e o vestido terminava em uma bela saia rodada com uma sobressaia rendada.

- Pronto, acho que terminei de ajustar. Veja como ficou! - tia Vivian trouxe um espelho de corpo inteiro até mim, eu me observei da cabeça aos pés, meu cabelo já estava arrumado em um coque cheio de ornamentos, e havia uma leve maquiagem em meu rosto. Abri um sorriso de orelha a orelha. Acredito que em nenhum momento da minha vida eu me senti mais bonita do que agora.

- Ficou perfeito, tia Vivian! - eu elogiei, segurando as lágrimas em meus olhos para preservar a maquiagem. - Eu tô tão nervosa... tudo precisa ser perfeito!

Tia Vivian riu levemente, também segurando lágrimas. Ela estava linda com um vestido azul claro parecido com o meu, com mangas bufantes indo até os pulsos.

- Tudo será perfeito, para a honra e glória do Senhor. - Ela me assegurou.

Depois do início do noivado, meu pai veio para o Brasil às pressas para conhecer Arthur e prestigiar meu casamento. Quando ele viu Arthur, ele fez uma centena de perguntas para ele, e meu pai gostou de seu genro já na primeira conversa, dando a bênção para nosso casamento. Depois disso só levou uma semana para arranjar todos os preparativos da festa, e aqui estamos, finalmente chegou o dia do meu casamento, e meu coração está batendo há mil por hora.

- Olá - a voz abafada de Gilbert veio acompanhada de batidas na porta. - Nós homens já podemos entrar? Jean também está aqui. - Gilbert pediu.

Eu assenti.

- Claro! - Falei.

Foi então que Gilbert e meu pai entraram no quarto, ambos bem vestidos com ternos bem-alinhados e os cabelos bem penteados. Ambos sorriram.

- Está linda, Sophia. - Gilbert elogiou, me olhando de cima abaixo com olhos ainda incrédulos. - Mal acredito que terei de te entregar aos cuidados de Arthur depois de todos esses anos. Eu sei que eu só pude estar com você há quatro anos, mas... nesse tempo eu consegui te amar como filha. - Suspirou. - Eu oro para que Deus lhe dê felicidade em seu casamento, e se o Arthur sequer pensar em te machucar, eu mando ele pro reino dos céus mais cedo. - Gilbert ameaçou, em tom cômico.

Eu ri.

- Que horror tio Gilbert! Não conhecia esse seu lado agressivo! - zombei.

- Estou brincando, querida. - Gilbert falou, pondo as mãos no bolso da calça. - Eu tenho certeza que seu casamento será uma bênção. Te desejo tudo que for de melhor. - Jubilou, pondo a mão em meu ombro.

Abracei Gilbert, emocionada.

- Fique bem, tio Gilbert. - Desejei, genuinamente.

Eu olhei para meu pai por cima dos ombros de Gilbert, me afastei e fui até ele. Com o tempo, eu ganhei a capacidade de chamá-lo espontaneamente de pai.

- Eu... vou tentar manter contato através de cartas. - Prometi, e meu pai sorriu.

- Eu não vou bancar o pai coruja - Sorriu. - Afinal, nunca fui um pai de verdade pra você. Mas se precisar de qualquer ajuda, pode contar comigo. E que Deus abençoe o casamento de vocês. - Ele falou, com sinceridade e um tom de melancolia que não passou despercebido.

Eu suspirei.

- Você foi o melhor pai possível quando entendeu o que isso significava, e isso já vale pra mim. - Tranquilizei-o, com um sorriso. - Eu jamais vou te excluir da minha vida. Assim como jamais excluirei Gilbert e tia Vivian. Eu amo todos vocês. - Abracei forte o meu pai, sendo abraçada de volta.

Resplandecer [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora