eu, ele e seu abraço...

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Seu olhar, seu jeito, sua inteligência, seu modo de tratar as pessoas, sua educação, seu bom gosto na escolha de palavras que só ele consegue expressar em forma de lindos poemas, me fizeram vê-lo com outros olhos.

Por outro lado, eu não consigo, não consigo expressar meus sentimentos. Ainda mais em nossa época, década de 1940, onde muitas coisas são interpretadas de maneira injusta e cruel.
Em um episódio ele é descaradamente visto com olhos imudos de um homem racista. Mesmo revoltado, não sou capaz de imaginar o que só ele sente na pele... mas precisava dizer, precisava fazer algo, precisava gritar para o mundo quem ele é. O talento de Bento precisava ser reconhecido, seus poemas não são desse mundo, dessa época cruel e injusta.

Então eu precisei fazer isto. Peguei minhas economias e investi nele, secretamente, fui ao jornalista racista e paguei bem mais caro do que pretendíamos antes. Sobre muito receio, o lindo poema foi publicado.

Claro, foi um sucesso, várias pessoas querendo bis, interessados em ouvir sua voz, suas palavras!! E com a foto dele lá! estampada ao lado de sua arte, da forma que ele merecia, que sempre deveria ser.

Quando veio até mim, de primeiro momento pensei que ia me dar uma bronca daquelas, porém sua felicidade era tamanha que não se conteve e me abraçou, nesse momento meu coração palpitou mais forte, seus braços me aqueciam e, mesmo que por segundos, foi ali onde me dei conta que Bento poderia ser muito mais que um amigo, mas quando ele beijou meu pescoço após o abraço, eu tive certeza.

Só que existia um porém, Bento estava comprometido com nossa melhor amiga de infância, a Letícia.

Só que existia um porém, Bento estava comprometido com nossa melhor amiga de infância, a Letícia

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