eu e ele...

eu, ele e minha brilhante ideia...

Após ver ela aceitando o pedido eu analisei a situação que eu estava, bisbilhotando um casal feliz num momento deles....
Como eu posso ser tão egoísta? – eu pensava. Como pode eu ficar surpreso com esse pedido que uma hora ou outra iria acontecer, era pra eu estar feliz pelos dois, afinal é o que amigos fazem... e eu não fiz.

Mas também, olhe minha situação: eu, Lorenzo depois de ter certeza que eu gostava de uma pessoa, de repente me toco que na verdade também gosto de outra... e pior: quando são duas pessoas de sexos diferentes... e mais: quando os dois são meus amigos e agora estão NOIVOS...

Eu só queria sair dessa situação de bosta, fui ao restaurante da minha mãe, peguei algumas garrafas de cachaça e vazei, no meio da noite, era só isso que eu queria, esquecer aqueles dois me afogando na bebida e sumir, simplesmente sumir.
Lembrei de um lugar onde ninguém poderia me achar, a safra de soja... lá eu bebi, chorei, xinguei, cantei, fiz tudo igual um idiota e estúpido por cair minha ficha que eu sou uma aberração.
Eu merecia aquilo.
Merecia ficar sozinho, me acostumar ao que a vida sempre me propôs, a solidão.
E cai no sono, ali mesmo... em tempo de uma cobra me picar, algum animal me ferir, mas não estava com cabeça pra pensar nisso, pois minha mente só pensava nele.

De manhã, numa ressaca daquelas, ouvi meu nome como se estivessem me procurando a muito tempo, cochilei.
Minutos depois me dei conta que estava nos braços de vários homens, alguns amigos da vizinhança, claro que lá estava ele, Bento, me segurando. Percebi muita preocupação comigo, ele se importava e até me amava, mas não do jeito que eu queria...

Chegamos em casa e vi minha mãe com ódio de mim, por eu ter sumido, era o jeito dela de demonstrar o quanto ela também estava preocupada.
Eu ainda estava muito abalado, não queria acreditar no que vi na noite passada e remoendo várias e várias vezes aquela imagem dos dois se beijando. Do nada minha mãe chega jogando em mim um balde de água fria, literalmente.
Ela queria me ouvir, mas obviamente eu não iria dizer o porquê de eu realmente estar naquela situação, apelei para o mais perto do ideal a se aceitar... todo molhado de água, desabafei com ela, só que ao invés de dizer que estava sofrendo pelo Bento, disse que estava com ciúmes da Letícia ao descobrir que ela estava noiva, conclui que era o mais fácil e aceitável pra ela. Ela me deu um tapa na cabeça, mas tudo certo eu precisava pra finalmente cair na real... me deu um sermão pra eu encontrar o meu lugar no mundo, blá-blá-blá. mas no fundo eu já sabia disso tudo e aquilo, querendo ou não, serviu de algo.

Me contive, fui ao nosso restaurante, como se nada tivesse acontecido, já até havia superado aquela loucura.

Tudo estava bem, até que o casal de milhões vem entrando... não sei se disfarcei bem minha cara, mas tentei.
Chega até mim Bento com um pequeno saco de dinheiro oferecendo como forma de retribuição daquele episódio do poema publicado por mim... claro que ele não sabia que aquilo não precisava. Pra mim, o abraço e o beijo que ele me deu já foram suficientes pra eu nem lembrar de uma possível dívida, eu realmente fiz de coração. ver ele todo felizinho repôs tudo, tava tão na cara Bento...

Insistindo que eu pegasse a quantia ele toca na minha mão por alguns segundos, meu coração palpitou mais forte novamente... superei porra nenhuma...

Não aceitava ficar nisso, já cansei... pareço um adolescente me iludindo por algo que nunca iria acontecer. Precisava me distrair e eu esquecer isso de uma vez por todas.

Até que tive uma brilhante ideia...