Parte 2: capítulo 1

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30/08/2014 (um dia depois da morte do Donghae, 14 anos atrás).

O Donghae morreu.

Eu não consigo acreditar que ele morreu.

Hoje, tenho que ir até a casa do Taehyung para terminar um trabalho de escola. Como se isso importasse agora. Que porra.

Estou com medo de acabar como Donghae. Por que ele teve que me expor assim? Será que sempre foi tão nojento? Como pude namorar alguém assim?

Penso enquanto me sinto sufocado, agarro o tecido dos meus shorts e percebo o quão difícil está para respirar.

A droga foi muito forte, ainda estou com dor de cabeça. Não contei nada sobre o que aconteceu à minha família, mas a polícia nos fotografou. Certamente, há fotos minhas vendendo drogas por aí. Eu tenho uma arma, e não sei o que fazer.

Há um mês, eu matei uma pessoa a mando do Donghae. Sinto-me horrível, um monstro.

Minha mãe bate na porta trancada do meu quarto, e o mundo parece girar por alguns segundos.

— Não entra, mãe. Estou me trocando. — digo, tentando manter a voz firme.

— Cuidado para não se atrasar para o trabalho com o Taetae. Ele deve estar te esperando. — ela diz, e ouço seus passos se afastando.

Se eu não tivesse matado, o Donghae estaria em apuros. Mas ele morreu de qualquer forma, então sujei minhas mãos para nada?

Olho para elas, tremendo mais do que nunca. Sinto que vou vomitar.

Corro para o banheiro e vomito de nervosismo. Nunca tinha acontecido antes. Nunca.

De frente para o espelho, vejo minhas olheiras vermelhas de tanto chorar noite passada. Tive que estancar meu ombro com papel higiênico no banheiro público ontem antes de voltar para casa, para que meus pais não vissem. Taehyung, que gosta de bancar o médico, jamais permitiria. Prefiro correr o risco de uma infecção a deixar meus pais saberem que levei um tiro.

Tenho vergonha da minha vida. Sinto pena do homem que matei. E sinto saudades de Donghae.

— Filho? Vamos logo, você precisa tirar uma boa nota nesse trabalho. O Taehyung também vai te ajudar a estudar para a prova de biologia.

Não respondo, sinto o estresse me sufocando. Lavo o rosto e enxugo-o. Pego a mochila da escola e saio do quarto, assustando minha mãe. Ela olha para mim, preocupada.

— O que houve, Gguk? — pergunta, espantada.

— Não estou bem. — digo e me ajoelho no chão, desmoronando em lágrimas.

Me arrependo de tudo. De ter me envolvido com Donghae, de ter matado aquele homem.

Minha mãe se ajoelha na minha frente e me abraça.

— Estou aqui, filho. Tudo vai ficar bem, seja lá com o que você está preocupado. Se quiser conversar, pode falar tudo, tá? — ela diz, e eu choro ainda mais, sentindo meu coração doer mais que nunca.

— V-vou para a casa do Taehyung. — digo, soluçando, e me levanto com ela, dando-lhe um último abraço.

Mal sabia eu que esse realmente seria o último em catorze anos. Só voltaria a abraçá-la aos vinte e oito anos.

Abracei forte meu pai também, que se preocupou com meu estado.

Assim que fechei a porta de casa, percebi a presença de várias viaturas de polícia passando devagar pela rua. Estão atrás de mim, provavelmente. Não posso envolver minha família que não sabe de nada disso.

Outlaw ( Kth + Jjk )Onde histórias criam vida. Descubra agora