Parte 1: capítulo 8

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Assim que envio a mensagem, o telefone toca. Taehyung nem espera uma resposta.

— Porra, Jungkook, o que aconteceu? Trabalho dez horas por dia para não poder voltar para casa?! Você trouxe perigo, foi isso mesmo?! — A voz dele é um misto de raiva e desespero.

— Eu vou resolver isso, me desculpa de verdade, Taehyung. Juro que não foi minha intenção, os caras devem ter reconhecido a placa da minha moto. Me perdoa. — Tento manter a calma, mas minha voz treme. Sei que não tenho desculpa plausível.

— Eu disse que era para passar só um dia. Resolva logo isso e saia. Você não pode me envolver nos seus problemas.

— Vou desligar. Depois falo contigo. — Desligo antes que ele possa responder, e jogo o celular no sofá.

Abro a mala novamente e pego duas pistolas, carregando-as rapidamente antes de fechá-la. As cortinas já estão fechadas; Taehyung e eu não somos estúpidos. Mesmo assim, meu coração bate acelerado enquanto me aproximo da janela.

Agachado, vejo que os caras ainda estão lá fora, esperando alguma oportunidade. Eles provavelmente estão esperando que Taehyung ou alguém abra a porta para facilitar a invasão. Vou para a porta dos fundos, checando se há mais pessoas. A área está limpa, pelo menos por enquanto.

O medo corre pelas minhas veias, mas tento controlar a ansiedade com alguns exercícios de respiração, já que caso eu saia assim, é capaz de eu acabar morrendo. Penso nos objetos ao meu redor, nas cores e no meu objetivo: explodir a cara daqueles dois.

Sinto-me um pouco mais calmo, engatilho as armas e caminho devagar. Sei que a vizinhança vai ouvir os tiros, e a polícia não vai demorar a chegar, então preciso ser rápido e discreto.

Os dois se aproximam da porta principal. Meu coração martela no peito percebendo que eu realmente sou o alvo deles, que isso não é paranoia.

Escondo-me na parede lateral quando eles chegam mais perto. O fato deles baterem na porta foi um movimento desesperado, mas previsível. Sei que não vou atender, e eles também sabem disso.

— Você se lembra do que fez conosco, não lembra? A gente vai entrar aí nem que explodamos essa porra de porta. Nem que tivermos de quebrar os vidros, seu filho da puta! — Hoonmin grita, furioso.

Kiseop é mais calado, mas muito mais perigoso. Hoonmin tem mais boca do que ação, mas mesmo assim, os dois formam uma dupla letal. Dupla esta que quer me matar, e não há dúvida disso.

Quando eles batem no vidro da janela com uma arma, decido agir. Kiseop está armado, e eu sei que Hoonmin é só boca.

Antes que Kiseop me veja, atiro nele na cabeça. Não sou idiota de focar no faladorzinho de merda. O tiroteio começa imediatamente. Guardo a segunda arma no bolso, focando apenas na primeira. Vejo o ódio nos olhos de Hoonmin enquanto ele aponta a arma para mim. Nenhum de nós cede, e o momento é uma eternidade.

Uma vizinha grita da janela, me distraindo por um milissegundo. Kiseop aproveita para me dar um chute tão forte que minha mão fica dormente e minha arma voa longe. Ele me empurra contra a parede, pressionando a pistola contra minha testa.

— Você está morto, seu filho da puta. — Kiseop fala a primeira palavra do dia, e puxa o gatilho. Nesse momento, eu me abaixo instintivamente de uma forma tão imbecil, que nem mesmo ele esperou por isso.

Empurro-o com o ombro, e ele dispara na janela da casa de Taehyung. Caio sobre ele e, no caos, alcanço minha segunda arma. Ele atira e me acerta de raspão nas costas. A dor é lancinante, mas não me impede de socá-lo repetidamente. Quando ele tenta pegar a arma novamente, chuto seu rosto com toda a força que tenho.

Levanto rápido e continuo chutando, sem parar. Ele dispara, e o tiro passa tão perto da minha cabeça que meu ouvido apita. Piso na mão dele e puxo a arma, finalizando com um tiro no peito. O alívio é imediato, mas fugaz.

Minha roupa está encharcada de sangue. Minhas costas latejam de dor e meu ouvido apita incessantemente. A cada passo, sinto meu corpo vacilar, meus movimentos descoordenados e pesados, não sei se vou me aguentar acordado por muito tempo.

As sirenes da polícia se aproximam, e o pânico é a única coisa que me mantém de pé. Tento correr, mas minhas pernas não respondem como deveriam, bambeando a cada passo, e começo a me sentir nauseado. Corro pelos fundos sem fôlego, sentindo meu campo de visão diminuir a cada passo, e me escondo em um banheiro químico, tropeçando no próprio pé e me sentando de qualquer jeito no assento sujo, minhas mãos quase não alcançam a tranca da porta, pelo peso que sinto em meu braço.

O apito no ouvido parece mais alto agora, e minha cabeça pende para frente, pesada, tudo está desfocado e o enjoo só aumenta.

Porra.

Com a vista turva e a boca salivando, vejo pingos de sangue caírem sobre minhas mãos dormentes. Vomito nas minhas pernas, sentindo minha visão escurecer por completo e um formigamento se espalhar pelo corpo inteiro.

Será que esse é o meu fim?

Outlaw ( Kth + Jjk )Onde histórias criam vida. Descubra agora