Parte 1: capítulo 12

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Meus pais me visitaram quase todos os fins de semana, e só hoje comentaram sobre sempre ver um garoto conhecido na frente da porta.

— A princípio, achamos que era um segurança, mas ele se parecia muito com um amigo seu de infância. — minha mãe comenta — Nós fomos falar com ele, e ficou muito surpreso em nos ver.

— O garoto é muito simpático, eu me lembro muito dele. — meu pai comenta. — É o Kim Tae... Tae alguma coisa, não me recordo.

— É o Taehyung. É que eu costumava chamá-lo só de Tae. — Respondo, suspirando.

Por que o Taehyung está sempre por perto? É o medo de eu ser solto e fugir dele? Ou é algo mais que eu não consigo entender?

Por mim, daria um soco na cara dele tão forte a ponto de nocauteá-lo.

— Você o viu nesse tempo? — Meu pai pergunta.

— Não. — minto, desviando o olhar. — Mas ele realmente foi um bom amigo... — Sinto uma pontada de amargura ao dizer isso. Não sei se é verdade ou se é apenas algo que minha criança interior quer acreditar.

12/12/2024

Faltam quatro meses para sair desse inferno. Sou forte, luto bem, mas mesmo assim apanho muito dos presidiários. Há dois dias fui tomar satisfação com um cara, e ele quase me matou, literalmente me espancou tanto a ponto de eu desmaiar. Aqui não é lugar para mim.

Estou na enfermaria por ter tido meu ombro fraturado, e eu gostaria muito que fosse o Taehyung cuidando de mim. O enfermeiro daqui deixou mais magoado do que se não tivesse "tratado".

Tudo dói, mas não mais do que minha cabeça. Não sei o que aconteceu depois que fiquei desacordado, mas sei que tenho que ficar imóvel, e eu me recuso a usar o papagaio para mijar.

— Jungkook, você tem visita. Esse cara ficou insistindo em entrar mesmo contigo desacordado. — O policial com quem fiz "amizade" diz.

Eu me enturmei com ele por ser gente boa e por ter estudado comigo em um curso de inglês quando eu era mais novo. Só sei que ele virou outra pessoa depois que os pais dele morreram, e não sei mais de nada da vida dele depois disso. Só sei que ele superou o acontecido, já que hoje é um policial de cargo alto.

O Taehyung entra na sala, e meu sangue ferve tanto a ponto de eu sentir vontade de chorar até acabar toda a água do meu corpo pelos olhos.

— Oi, Jeon... eu soube do que aconteceu e tinha que vir te ver. Não me xinga dessa vez, por favor.

— Sai daqui, Tae... — Eu paro de falar porque se continuasse, ia chorar.

— Eu sei que é difícil, mas falta pouco para você sair daqui. E quando sair, com certeza já vai estar curado do ombro. — Sua voz é suave, mas a presença dele só aumenta minha frustração e tristeza.

Sinto que vou acabar chorando a qualquer momento. Estou sensível pela minha situação, e não quero mostrar fraqueza. O policial sai da sala e nos deixa a sós. Ele só fez isso porque estou lascado e imobilizado, e também pelo assunto ter ficado mais sentimental.

— Me desculpa, tá? Eu fui cercado, o dono do hotel descobriu sobre você, e mesmo sendo amigo dele, chamou a polícia. Eu sabia que os policiais tinham chegado e queria te contar, mas seria pior para nós dois se fugisse. — Ele diz com os olhos marejados, tentando justificar o injustificável.

— Você... — Eu começo a chorar e ligo o foda-se, já que tenho que falar o que sinto. — Você foi a primeira pessoa em quem confiei depois da morte do Donghae. Foi a primeira com quem transei sem ter crises de ansiedade ou ter broxado. Isso aconteceu porque confiei para caralho em você e na nossa amizade de infância. — A dor na minha voz é evidente, eu não estou bem.

Ele acaba chorando também.

— Taehyung, você é um filho da puta. Eu passei esses quase três anos sonhando em te dar um soco na cara. — digo, frustrado e triste.

— Quando você ficar melhor, te dou essa permissão. Mas me escute antes. O hotel estava cercado, e nós dois iríamos ser presos. Eu passei esse tempo todo tentando reparar tudo, mesmo sem te encontrar, e também me senti muito mal por ter respondido tudo o que sabia aos policiais. Mas pedi a eles para que você saísse do banheiro antes de agirem, e também para não usarem violência, já que você não é agressivo, que não precisaria disso. — Ele fala, a voz cheia de desespero e arrependimento.

— Eu sou agressivo sim. Então se eu tivesse dado um soco ou uma cabeçada no nariz de um deles, você seria preso? — Pergunto, querendo saber se ele realmente arriscaria tudo por mim.

— Provavelmente. E eu também ia ser preso, Jungkook. Por muito pouco consegui escapar. — Ele confessa, e a realidade da situação me atinge como um soco.

Sinto uma tontura estranha. Meu coração dói. O Taehyung tem a vida feita, e ele ia se foder por minha culpa. Com certeza perderia o emprego e ficaria mal visto, além de perder várias oportunidades... por minha culpa. E por pouco isso não aconteceu.

— Aqui não é lugar para mim, e nem para você. Então vaza daqui, vai viver tua vida, está perdendo tempo vindo todos os dias para ficar me esperando na porta da cadeia. — Digo, tentando esconder a dor que sinto, mas meu peito está doendo muito, me sinto sufocado.

— Estava fazendo isso por sentir que merecia, e eu precisava me explicar para você. Se fosse solto, nunca iria me procurar para resolver as coisas. — Ele responde, e isso me deixa mais mal.

— Eu iria sim, para te dar um soco na cara e ir embora. Mas agora minha raiva diminuiu, só quero te dar um chute no abdômen agora. — Simulo um chute em sua direção, mas meu ombro dói tanto a ponto de eu gemer de dor e voltar à posição de antes.

— Posso dar uma olhada? — Ele pergunta, sua voz suave e preocupada.

Eu aceito, porque o Taehyung deve entender mais do que o enfermeiro daqui. E mesmo hesitando muito, permito-o.

O Taehyung começa a examinar meu ombro com os dedos por cima da tipoia, tentando achar o local exato da fratura, e quando faz, me seguro para não gritar de dor. Nesse momento, ele ajeita meu braço de uma forma tão gentil que mal sinto dor.

— Está tudo certinho, o que se pode fazer é aguardar a melhora com a tipoia, se comporta para poder ficar bom. — Ele diz, e eu dou dedo para ele com o outro braço, tentando esconder um sorriso.

O Taehyung deixa um beijo na minha testa, e sinto vontade de chorar de novo. Seu toque é tão suave e cheio de carinho que me desarma completamente.

— Não beijei na boca porque sei que você não pode se defender imobilizado assim. — Ele brinca, tentando aliviar a tensão.

— E eu gostaria de sentir sua língua dentro da minha boca. — digo sem me importar com mais nada nessa porra. E o que me impressionou é que o Taehyung, sem hesitar nem um pouco, segura meu queixo e aproxima nossas bocas, beijando exatamente como eu tinha dito. Ele faz todo o movimento para que eu não mexesse nenhuma parte do corpo além da boca.

Ele está praticamente me engolindo, e eu sinto um calor que não senti em muito tempo, uma vontade de tirar sua blusa para sentir seu corpo malhado enquanto nos beijamos... e é o que vou fazer quando sair desse inferno. Depois daqui, vou estar totalmente livre, vou poder fazer o que eu quiser e ir e vir sem medo de ser denunciado e preso.

Meu lábio inferior é mordido de leve ao acabar o beijo, e isso me deixa mais louco do que já estava.

— Vou morar com você quando sair daqui. — digo ao Taehyung.

— Assim, sem me pedir permissão? — Ele pergunta, levantando uma sobrancelha.

— Sim, e você vai aceitar. — Respondo, certo de que, apesar de tudo, ele é a única pessoa em quem ainda posso confiar além dos meus pais.

Outlaw ( Kth + Jjk )Onde histórias criam vida. Descubra agora