Parte 2: capítulo 2

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30/04/2025

"Ele matou para proteger a família, é culpado ou não? Deve pagar pelos 'erros' que cometeu, ou não?"

Minha cara está nos noticiários. Estou dentro de uma cela isolada há um mês enquanto julgam meu caso. O que mais temia aconteceu: voltei para a cadeia. E, no desespero do momento, entreguei todos os crimes que cometi. Todos os assassinatos, a identificação dos clientes das drogas, tudo. Falei sobre meu jeito de pensar, quem eu acreditava que merecia morrer ou não, revelei tudo. Até sobre os assédios, o assassinato de Donghae, e meus planos de cursar História e meu interesse por técnicas de enfermagem.

Contei a história por trás de cada cicatriz no meu corpo.

Fiz isso pelo medo de voltar aqui. Queria ficar livre eternamente.

Mas nunca imaginei que o caso ganharia tanta notoriedade, chegando a envolver o Conselho Internacional de Direitos Humanos da ONU, repórteres e roteiristas de cinema. Estão usando minha história para ganhar dinheiro, enquanto eu apodreço na cadeia.

Desta vez, Taehyung não pagou meu advogado. Um advogado famoso veio até mim, oferecendo-se para defender meu caso em busca de fama.

"Agora fodeu", pensei, mas aceitei.

Não fugi depois que matei Jimin. Corri para um parque para refletir sobre a vida e logo me entreguei, sabendo que fugir pelo resto da vida não adiantaria. Não queria ser um foragido novamente.

— Jungkook? — ouço o guarda me chamar e abrir minha cela.

— Sim?

— Um amigo seu veio para conversar com você. Pode me acompanhar, por favor?

Só penso em Taehyung. Queria vê-lo, não vou mentir.

— Claro. — respondo, levantando-me da cama e seguindo-o.

— Sua situação é complicada, espero que tudo se resolva. Você era muito jovem... — o policial diz, e eu suspiro enquanto caminhamos.

— Também espero. Não queria estar aqui de novo, queria estar com meus pais em casa.

Fico realmente triste com isso, mas não há muito o que fazer, exceto esperar.

O policial para de andar e abre outra cela. Vejo Namjoon lá dentro e me surpreendo.

— Qualquer coisa, me chame. — o policial diz. — Pode entrar.

Ele sequer me algema, talvez porque eu esteja calmo. Entro, desconfiado, e Namjoon me abraça com força.

O abraço é intenso, sentimental, como se eu fosse alguém importante para ele.

— Oi, Namjoon. — digo, retribuindo o abraço.

— Obrigado por matar o Jimin. — ele diz, apertando-me mais antes de soltar.

— O quê?

— Agora que ele está morto, podemos conversar. Ele me colocou aqui dentro.

— Sério? Mas vocês não eram amigos?

— Amigo é uma palavra forte. Eu só não concordei com alguns interesses dele, e ele me denunciou.

— Filho da puta! — digo, indignado.

— Sim... mas foi isso. Estou aqui há três anos.

— Eu fiquei preso no mesmo período. Passei quatro anos na cadeia e agora estou aqui de novo. — suspiro. — Por causa do Jimin também, já que precisei matá-lo depois que ele ameaçou minha família e disse que me denunciaria caso eu não o ajudasse.

— Por que não fugiu?

— Não tinha dinheiro, drogas, nada. Não queria começar do zero e ainda correr o risco de ter minha pena aumentada.

— O Jimin queria te matar há um tempo. — ele abre o jogo, e eu sinto minhas mãos formigarem em nervosismo.

— Quê?! Mas por quê? — eu arregalo os olhos, chocado. Isso é absurdo!

— Ele tinha medo de você. Você nunca falava sobre o seu passado e tinha muitas habilidades, sabe? Ele achava que você era um policial infiltrado no começo.

— Que merda, como que ele pôde pensar algo tão absurdo?

— Que absurdo. Como ele pôde pensar isso?

— O cara era paranoico... mas imagino o quão difícil deve ter sido para você.

— Difícil o quê? — pergunto, sem saber do que ele está falando agora.

— Não sei se aquele cara tinha algum vínculo com você, mas naquele dia você estava muito drogado. — Namjoon fala, e meu corpo gela. Não pode ser.

— Do que você tá falando, cara? — pergunto, nervoso.

— Faz muito tempo, nem sei por que estou voltando nesse assunto. Mas tenho certeza de que você quase foi estuprado naquele dia. Eu atirei na cabeça do cara porque vi quando ele te drogou.

Eu fico boquiaberto olhando para o Namjoon, meu coração está a mil, não sei o que sentir, não acredito que passei grande parte da minha vida do crime ao lado de quem matou o Donghae.

— Ele te dopou com alguma droga injetável enquanto vocês estavam andando, e no mesmo momento tentou se aproveitar de você. Fiquei surpreso quando Jimin, que já era meu parceiro na época, te apresentou a mim. Eu não podia te contar que matei aquele cara, além de que talvez fosse constrangedor para você.

— Por que não me disse antes, Namjoon? — seguro-me para não surtar, estou muito nervoso.

— Minha namorada da época foi te checar, já que eu não queria que você lembrasse do meu rosto, para evitar denúncias. E você começou a chorar desesperado, quase totalmente dopado.

— Ele era meu namorado. — suspiro.

Namjoon arqueia as sobrancelhas, surpreso. Acho que ele não esperava por isso.

O silêncio se instaura.

— Obrigado por matá-lo e por guardar esse segredo por tanto tempo. Talvez eu enlouquecesse se você me contasse isso quando eu era mais novo.

Ele só balança a cabeça afirmativamente, sem saber o que dizer.

— Aquele cara era perigoso, Jungkook. Não sei o que você queria se metendo com ele tão jovem. Ele era conhecido pelos traficantes.

— Eu não sabia, foi um processo gradual. Estou nessa vida por causa dele.

— E eu por causa do meu pai... ele já morreu, e minha mãe está em uma clínica de reabilitação. E eu... quase igual. — ele ri soprado, e eu percebo as marcas em seus braços, sabendo do que se trata.

— Caralho... — digo, suspirando. — Quando a gente sair daqui, vamos continuar amigos. — digo, encerrando o assunto, sabendo que está quase na hora de o guarda me separar de Namjoon. Passei tanto tempo preso que decorei os minutos exatos de cada tipo de visita.

— Vamos sim. — Ele diz, e eu me levanto, encostando-me na cela para esperar o guarda.

E ele realmente chega, tirando-me dali e levando-me de volta à cela inicial.

— Amanhã vai ter um julgamento especial. Mantenha a calma como está fazendo, que vai dar tudo certo.

Este é o mesmo guarda que foi passivo-agressivo comigo. Ele ficou muito triste por eu ter voltado.

— Certo, obrigado. Mas por que você é tão gentil comigo? Nunca perguntei seu nome.

— Eu sou Yoongi. Sou assim porque eu te entendo, meio que... me lembro do meu passado. — ele sorri levemente. — Um policial confiou em mim algumas vezes, e foi por isso que consegui sair dessa vida.

— Entendi... obrigado mesmo.

Chegamos à minha cela, e entro, sentando-me na cama e olhando para aquele policial.

— Boa sorte. — ele diz e sai.

Yoongi parece ter passado por muita coisa também...

Outlaw ( Kth + Jjk )Onde histórias criam vida. Descubra agora