Estou nas costas de alguém... e o cheiro é bom.
Me sinto feliz. Seguro.
Não consigo abrir os olhos, é um sonho? Gostaria que fosse verdade.
Ele seria tudo para mim. Esse cheiro másculo me lembra Taehyung.
Eu o desejo, minha criança interior queria ficar para sempre ao seu lado.
E meu adulto interior também. Mas tenho que ir embora.
Embora para... onde?
Sinto dor no peito, nas costas. Não queria que estivesse doendo.
— Jungkook?
É a voz do Taehyung?
— Jungkook, você consegue acordar?
— T-tae? — Eu abro os olhos, percebendo que estou deitado em uma cama macia, fazendo aquele sonho ficar na memória.
— Eu achei que você estava morto. Você não pode ficar foragido na minha casa, então te trouxe para um hotel em outro bairro. Meu amigo é o dono, por isso consegui. Agradeça depois.
Mexo-me e minhas costas latejam, um dor aguda que me faz soltar um gemido. Percebo que estou sem camisa e olho arredor tentando recuperar um pouco mais da consciência; ainda me sinto um pouco confuso, grogue.
— Eu tive que fazer uma sutura. Tenho alguns remédios para dor que você precisa tomar. Por sorte, não precisou de transfusão de sangue, mas foi por muito pouco. Também fiz um curativo na sua orelha. A bala acertou em cheio.
— Eu não queria matá-los. — Lágrimas começam a encher meus olhos, me sinto confuso com a realidade. — Não sou um assassino frio.
Eles eram amigos, eu sabia disso. Se tivesse deixado a dívida para lá, nada disso teria acontecido. Não os julgo por quererem vingança; afinal, foram hospitalizados e presos por minha culpa, anos atrás.
Mas eu precisava me salvar, então matá-los foi a única opção. Não podia chamar a polícia; eles com certeza me denunciariam.
Taehyung não responde, o silêncio dele machuca.
— Tae, eu os matei porque iriam te fazer refém, invadir sua casa. Não podia deixar. Eles iam me matar, e depois, quem sabe, você?
— Jungkook, eu não entendo essa coisa de matar. Mas eu não queria estar em perigo. Errei em te deixar ir para minha casa. E você ainda acabou quebrando um vidro caro. Não sei por que ainda estou te ajudando.
— Tenho dois mil novecentos e alguns trocados na minha carteira, é tudo que tenho. Pode pegar para o conserto.
— Acho bom mesmo. A troca do vidro é cara, mas não a ponto de gastar todo o seu dinheiro. — Ele me encara com uma seriedade desconfortável. — O que te garante que não vão aparecer mais pessoas atrás de mim?
— Não vão. Eu nem estou mais lá. — A dor me faz franzir o rosto, essa merda dói demais.
— Você tem que tomar o remédio. Vou te ajudar a se sentar.
Taehyung se levanta e me ajuda a virar de lado. Com muita dificuldade, consigo ficar sentado. Ele me entrega o remédio e uma garrafa de água do frigobar.
— Cuidar de você é caro, viu? Oito reais por 500 ml de água é para se foder.
Dou uma risada sem jeito, mas a dor me faz me contorcer. Taehyung está analisando meu corpo, como se estivesse tentando entender tudo o que aconteceu.
— Você tem muitas cicatrizes, mas todas estão bem tratadas. Como conseguiu ir ao hospital?
— Eu mesmo cuidei. — digo, percebendo a surpresa no rosto dele. — Comecei a estudar técnicas de enfermagem graças a você. Isso salvou minha vida muitas vezes.
— É importante saber o básico, mas isso aqui é impressionante. — Ele aponta para os meus curativos, analisando concentrado. — Você tem talento. Estou realmente impressionado.
— Obrigado. — Mexo minhas costas, sentindo o efeito do remédio. A dor está quase completamente anestesiada. — Esse remédio é bom, né?
— O corte não foi tão grande, e o remédio é realmente forte.
— Tae, tenho uma pergunta. Você me trouxe para cá me carregando nas costas? — pergunto, lembrando do conforto e do seu cheiro.
— Sim, e você deve ter muita massa magra, porque é bem pesado, viu?
— Ah, eu treino quase todos os dias. — Mostro meus tríceps com o braço esquerdo, que é o que não foi afetado pelo tiro.
Ele olha fixamente para o meu braço, depois para o meu abdômen. Faço questão de deixá-lo rígido para exibir meus músculos.
— Eu queria tentar transar contigo de novo quando eu melhorar. — digo com o coração acelerado. Ele me encara nos olhos. — Você quer, não quer?
— Talvez. Não posso negar que você tem um corpo e um rosto muito atraentes.
— Então está combinado. — digo, notando a preocupação no rosto dele. — Está tudo bem. Eu não vou te machucar, juro.
— Então combinado. Eu passo aqui amanhã para trocar os curativos. Qualquer coisa, só pedir comida pelo serviço de quarto. Mas não exagera, que eu também tenho boletos para pagar.
— Você já vai? — faço um bico involuntário, me sentindo patético.
— Vou. Eu venho todos os dias para cuidar dessa ferida, não se preocupe. — Ele se levanta e caminha até a porta. — E vê se não sai do quarto e tenta não fumar também.
— Não vou sair. Ainda prezo pela minha liberdade.
E Taehyung vai embora. Fico sozinho no quarto, e tenho que manter o celular desligado para não correr o risco de ser rastreado.
Essa semana vai ser bem entediante, pelo que estou vendo... e eu não vou largar meu cigarro logo agora que perdi tudo e estou questionando a minha vida mais que nunca.
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Outlaw ( Kth + Jjk )
Fiksi Penggemar|CONCLUÍDA| Jeon Jungkook começou a se envolver com o mundo do crime aos seus catorze anos, graças ao seu ex-namorado, que também foi o responsável por inúmeros traumas em sua vida. Mesmo após perder os vínculos com ele, Jungkook continua no ramo c...